Jornalistas devem procurar responder as perguntas dos leitores em vez de atormentá-los com mais indagações.
Nem sempre é possível e não será desta vez que a grande dúvida desta quinta-feira (25) será dirimida.
Pelo menos não aqui, porque a rara leitora e o raro leitor já devem ter notado que a coluna abandonou a bola de cristal e parou de dar a cara a tapa.
No máximo, fica no óbvio: Flamengo e Inter são favoritos nos jogos no Morumbi e no Beira-Rio, contra São Paulo e Corinthians, respectivamente.
O que não é nada, não é nada, não é nada mesmo.
Qualquer resultado nos dois jogos será normal, goleadas inclusive, na maratona pandêmica brasileira do Covidão-20.
A pergunta menos difícil é sobre quem tem o maior desafio, se o Flamengo ou o Inter.
Aí é possível dizer que a missão rubro-negra é a pior, porque fora de casa, contra um time mais bem classificado e ainda com a ambição da vaga direta na Libertadores.
Acrescente a recente freguesia carioca e fica clara a situação mais delicada de Gabigol e companhia.
Por outro lado, a lei das probabilidades age a favor da Gávea e pode consagrar a vitória exatamente no momento do jogo mais importante de todos disputados na temporada.
Além do mais, lembremos, o Flamengo pode até perder caso o Inter não ganhe do Corinthians, o que, cá entre nós, parece impensável, embora o impensável não exista em futebol, como, aliás, outro dia mesmo, o Sport mostrou ao Colorado em Porto Alegre.
O Corinthians é mais fraco que o São Paulo, tem jogado muito mal, embora nem tanto como o tricolor na derrota para o lanterna Botafogo —dessas derrotas que justificariam a abertura de uma CPI no Morumbi, no CT da Barra Funda, em Cotia, quem sabe capaz de abranger até o Canindé que, para quem está chegando agora, já foi do São Paulo.
Mas a diferença técnica do Inter para o alvinegro é menor que a do Flamengo para o tricolor e o fato de não haver presença de público prejudica os gaúchos e beneficia os cariocas. Se bem que, nas atuais circunstâncias, se a presença do torcedor fosse possível, certamente os flamenguistas seriam maioria —e os são-paulinos que lá fossem iriam mais para vaiar que para aplaudir.
Outra pergunta frequente é sobre quem merece mais o título, considerando-se que o Flamengo só chegou à liderança na penúltima rodada e o Inter ponteou mais.
Bem, é comum vermos maratonas decididas nos metros finais com o arranque de quem se fingiu de morto durante toda a prova. Portanto o argumento parece fraco.
De fato, qualquer um dos dois pretendentes merece a taça e terá motivos para chorar se não a conquistar.
Mas não incluam no choro nem o apito, nem o VAR nisso, porque está insuportável a moda de sempre justificar maus resultados com fatores externos.
Se o Inter seguir na fila de 42 anos será porque perdeu do Sport e não porque Rodinei foi expulso com auxílio indevido do VAR, o mesmo que, ao não funcionar, o favoreceu contra o Vasco.
Já o Flamengo, além de desperdiçar um caminhão de gols durante todo o torneio, achou de perder para o Ceará, no Maracanã, na reta final.
Então, quem não for octacampeão, ou tetra, que reclame de si mesmo e pare de chororô.
Finalmente, uma última opinião de quem observa a cena à distância e há meio século: ninguém merece mais a taça que Abel Braga.
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