Os recentes eventos no Rio Grande do Sul, causadores de morte e destruição, são um lembrete sombrio das consequências de negligenciar alertas científicos e recomendações técnicas. Mas, enquanto isso, o chefe do governo local nega a ideia de que desproteger 480 normas ambientais possa ter qualquer influência em crises climáticas.
Essa tragédia ecoa outros episódios de desastres evitáveis, como a ruptura da barragem em Brumadinho, pandemia de Covid-19, em que a desinformação e a desconsideração das evidências científicas tiveram consequências igualmente catastróficas.
Seus protagonistas, por razões diversas, escolheram ignorar a ciência e olhar para outro lado. "Estudos alertaram, mas governo também vive outras agendas". O preço é alto demais.
No caso de Brumadinho, a empresa responsável e as autoridades também foram previamente avisadas sobre os riscos iminentes de ruptura da barragem. Relatórios de engenharia indicavam a instabilidade da estrutura, mas essas advertências foram ignoradas, resultando em uma das maiores tragédias ambientais e humanas do Brasil.
A pandemia de Covid-19 trouxe à tona uma crise global de saúde pública, exacerbada pela disseminação de informações falsas e pelo ceticismo em relação às vacinas usadas como pura tática política. A desconfiança gerada por figuras públicas e pela politização da ciência atrasou a vacinação em massa e a adesão a medidas de segurança, prolongando a crise e aumentando o número de mortes.
Esses exemplos ilustram uma tendência preocupante: a substituição do conhecimento científico por opiniões pessoais ou dogmas políticos acelerados pela conectividade global e a multiplicidade de vozes não escrutinadas que hoje desregulamentam a paisagem midiática mundial.
A ciência, com sua base em pesquisa rigorosa e evidências empíricas, não pode ser colocada em segundo plano por crenças infundadas. É preciso ensinar novamente, na escola, a importância de exigir e como reconhecer fontes confiáveis de informação.
Educar de novo a sociedade sobre como acessar e avaliar a informação é crucial. Isso significa promover a alfabetização científica desde a escola, incentivando o pensamento crítico e a capacidade de distinguir entre fatos e opiniões. As pessoas devem aprender a verificar a credibilidade das fontes e a buscar o consenso científico em vez de se deixarem levar por narrativas sensacionalistas ou teorias da conspiração.
Em um mundo onde a desinformação se espalha rapidamente, a educação é a nossa melhor defesa. É essencial que cada cidadão compreenda que a ciência é a melhor ferramenta para entender e resolver os problemas complexos que enfrentamos. Não podemos aceitar que opiniões pessoais, negacionismos atávicos ou agendas políticas se sobreponham ao conhecimento científico.
A ciência, baseada na observação e na experimentação, é a pedra angular do progresso humano. Ignorar seus ensinamentos em favor de opiniões não fundamentadas é um retrocesso civilizatório. Um risco que não podemos correr.
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