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Colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, � um dos mais importantes jornalistas brasileiros. Analisa as quest�es pol�ticas e econ�micas. Escreve aos domingos e quintas-feiras.
A CIA � uma Gestapo gigantesca
AFP | ||
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Logo da CIA em seu escrit�rio em Virg�nia, nos EUA |
A �ltima novidade americana de que temos not�cia j� n�o � uma Casa Branca manicomial, mas n�o foge � linhagem das contribui��es psicop�ticas � cada dia mais desatinada "civiliza��o ocidental". Al�m de penetrar � vontade nas comunica��es telef�nicas mundo afora, como aconteceu a conversas de Angela Merkel, Dilma Rousseff e outros governantes, e de entrar nos computadores alheios, o servi�o de espionagem e sabotagem dos EUA – CIA – pode valer-se dos aparelhos dom�sticos de TV para captar e transmitir-lhe as conversas no respectivo ambiente. Sem palavras rastejantes, a CIA � uma Gestapo gigantesca, planet�ria, levada �s �ltimas possibilidades de invas�o das mentes e da vida humana.
Diante desse poder cibern�tico, o que pode o mundo, sua v�tima, � repetir a divis�o motivada pelo poder nuclear. De uma parte, os pa�ses que desviaram imensas fortunas para entrar no c�rculo at�mico; de outra, os que se sujeitam � subalternidade ou preservam uma posi��o digna no mundo por meio de uma posi��o independente e estrategicamente habilidosa.
Michel Temer falou h� pouco da import�ncia reconhecida ao Brasil. Apenas tr�s dias antes, o correspondente Henrique Gomes Batista transmitira as palavras do brasilianista Peter Hakim, presidente do Inter-American Dialogue: "Antes, toda vez que eu voltava do Brasil, as pessoas queriam saber o que o pa�s estava fazendo, se havia novidades. Hoje o pa�s perdeu a relev�ncia". A palavra "hoje" define o que era o "antes".
No "antes", talvez referente sobretudo ao plano interno, a estrat�gia e a pol�tica internacionais do Brasil foram fundamentais para as "novidades". Mas foi tamb�m nele que isso come�ou a esvaziar-se, pelo plano secund�rio em que foi deixado por Dilma Rousseff. Sem reclama��es internas. Primeiro, porque a imprensa/TV no Brasil faz jornalismo tipicamente perif�rico, repetidor de uns poucos (hoje em dia, pouqu�ssimos) temas do jornalismo internacional dos centros mundiais de decis�o.
Al�m disso, porque interessar-se pela virada que a "pol�tica exterior ativa e altiva" introduziu, em seguida a um per�odo caudat�rio dos ditames americanos at� na pol�tica econ�mica, fortaleceria um governo e v�rias pol�ticas indesejados pelo poder econ�mico. Por mais que estivesse beneficiado pela a��o comercial inclu�da na nova pol�tica externa.
A �frica representou muito nessa pol�tica. Os Estados Unidos t�m grande interesse na face africana voltada para o Atl�ntico Sul: ali est� o petr�leo alternativo para previs�veis problemas com sua fonte petrol�fera na Ar�bia. Os americanos veem a �frica Ocidental como uma esp�cie de reserva sua n�o declarada. Mas a costa atl�ntica da �frica est� voltada tamb�m para o Brasil. E em frente �s jazidas e po�os brasileiros, inclusive do pr�-sal. A busca de rela��es profundas com essa �frica, importantes at� para a soberania brasileira, levou a iniciativas que a Lava Jato entende como picaretagem. Na coopera��o militar, a Marinha brasileira tem at� presen�a expressiva na Nam�bia.
Nessa pol�tica, as multinacionais brasileiras tinham um papel e uma fonte de ganho, com igual relev�ncia. Sua atividade em quatro dos pa�ses africanos e em um sul-americano comp�em os cap�tulos de um livro que, afinal e quase inexplicavelmente, moveu o jornalismo brasileiro para parte das iniciativas africanas do Brasil. � uma reportagem, rara no tema e �tima na realiza��o, que proporciona tamb�m uma vis�o social e pol�tica, como um fundo que d� ao livro dimens�o bem maior do que o indicado no t�tulo, "Euforia e Fracasso do Brasil Grande". Jornalista de primeiro time, F�bio Zanini deu uma leitura agrad�vel e informativa a um tema desprezado que vale a pena conhecer.
E quem quiser saber o que � diplomacia, e o que nela foi a a��o que por certo tempo incluiu o Brasil nas decis�es mundiais, as respostas est�o dadas pelo ex-ministro Celso Amorim, em "Teer�, Ramal� e Doha — mem�rias da pol�tica externa ativa e altiva". Livro �timo, para hoje e para o futuro. Mas que d� certa nostalgia, no Brasil que "perdeu a relev�ncia".
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