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Doutor em ci�ncia pol�tica pela Universidade Stanford, � fundador e presidente do Eurasia Group, principal consultoria de risco pol�tico dos EUA. Escreve �s ter�as, mensalmente.
Trump tenta convencer l�deres da �sia de sua for�a em meio a ascens�o de Xi
O presidente Trump viajou � �sia para percorrer diversos pa�ses que t�m vital import�ncia para a pol�tica externa dos EUA por tr�s motivos. A viagem dar� a Trump mais uma oportunidade de se encontrar com o presidente da China, Xi Jinping, e definir as expectativas dos EUA para o futuro da rela��o bilateral mais importante do mundo.
Ela lhe dar� a oportunidade de promover sua agenda de com�rcio e investimentos na regi�o. Finalmente, dar� a Trump a oportunidade de trabalhar diretamente com l�deres regionais para pressionar o governo da Coreia do Norte e indicar que os EUA pretendem continuar sendo uma forte presen�a no Extremo Oriente e Sudeste Asi�tico. Infelizmente para o presidente americano, ele carece de credibilidade pol�tica, em casa e no exterior, para concretizar qualquer desses objetivos.
Durante uma visita de tr�s dias � China, Trump mais uma vez tentar� convencer Xi Jinping a usar sua influ�ncia junto � Coreia do Norte para mudar o comportamento beligerante do regime de Kim e fazer Pyongyang recuar das constantes amea�as militares.
A China, afirmar� ele, � o fornecedor cr�tico de alimentos, combust�vel e dinheiro para a Coreia do Norte, e o �nico pa�s capaz de for�ar Kim a mudar de rumo. Trump novamente se oferecer� para melhorar as rela��es comerciais com a China em troca de sua coopera��o, e advertir� que a China corre um risco muito maior que os EUA se um conflito aberto irromper na pen�nsula da Coreia.
No Jap�o e na Coreia do Sul, Trump tentar� garantir aos aliados que Washington pode eliminar a amea�a que a Coreia do Norte representa para sua seguran�a. No Jap�o, no Vietn� e nas Filipinas, Trump tentar� convencer seus hom�logos de que os EUA continuam comprometidos com o com�rcio e os investimentos na regi�o, apesar de sua decis�o de retirar-se do hist�rico tratado comercial regional conhecido como Parceria Transpac�fico (TPP na sigla em ingl�s).
O presidente americano continuar� pressionando o primeiro-ministro japon�s, Shinzo Abe, para que trabalhe na dire��o de um novo acordo comercial EUA-Jap�o, enquanto Abe trabalha para movimentar a TPP sem os EUA. Trump tamb�m tentar� tranquilizar Abe, o sul-coreano Moon Jae-in, os l�deres que ele encontrar� na c�pula da Coopera��o Econ�mica �sia-Pac�fico, no Vietn�, e na reuni�o da Associa��o de Na��es do Sudeste Asi�tico, nas Filipinas, de que os EUA continuam comprometidos a contrabalan�ar a expans�o da influ�ncia chinesa em toda a regi�o.
Trump deixar� de realizar todos esses objetivos. A visita ao Jap�o ir� bem, porque Trump e Abe constru�ram um relacionamento pessoal forte, mas seus interesses, especialmente sobre com�rcio, s�o divergentes demais para que o progresso continue por muito tempo depois que a visita terminar.
E todos os l�deres que ele encontrar� sabem muito bem que Trump continua historicamente impopular nos EUA, que ele continua em conflito declarado com uma porcentagem significativa de congressistas de seu Partido Republicano e que ele demonstrou n�o ter virtualmente nenhuma habilidade ou disposi��o para trabalhar com legisladores da oposi��o para construir o consenso pol�tico de que depende uma pol�tica externa de sucesso.
Seus hom�logos tamb�m sabem que a investiga��o de Robert Mueller sobre um poss�vel conluio entre sua campanha presidencial e o governo russo apenas come�ou a criar distra��es para o presidente e os que o cercam, e que Trump poder� em breve ter menos capital pol�tico do que tem hoje. Eles tamb�m sabem que as elei��es legislativas em 2018 v�o afastar mais Trump do planejamento de pol�ticas em prol da estrat�gia pol�tica, distanciando o presidente de mensagens consistentes, especialmente sobre as rela��es com a China, se ele acreditar que isso ajudar� seu partido a conquistar votos.
Os l�deres asi�ticos tamb�m podem ver que o presidente americano est� enfraquecendo politicamente em um momento de for�a e confian�a hist�ricos do presidente chin�s. Xi Jinping conseguiu usar o rec�m-conclu�do 19� Congresso do Partido Comunista Chin�s em Pequim para refor�ar a lideran�a com aliados pol�ticos confi�veis que se alinham � agenda de reformas internas de Xi e com o presidente pessoalmente.
O acr�scimo formal dos princ�pios de governo de Xi � Constitui��o chinesa refor�a a tese de que ele det�m o controle quase absoluto da agenda pol�tica na China. A relut�ncia de Xi em designar um sucessor sugere que o presidente poder� permanecer no poder al�m de seu segundo mandato de cinco anos, e que sua influ�ncia continuar� enorme mesmo depois que ele decidir ceder o poder formal.
O contraste de for�as entre os presidentes americano e chin�s n�o poderia ser mais claro, e cada governo no Extremo Oriente ou no Sudeste Asi�tico ir� considerar essa realidade quando fizer planos para envolver essas duas pot�ncias muito depois que o tour de Trump pela �sia tiver terminado.
Tradu��o de LUIZ ROBERTO MENDES GON�ALVES
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