Segundo a lenda, em um jantar no final dos anos 1940, Albert Einstein foi perguntado por amigos sobre quais novas armas poderiam ser empregadas na Terceira Guerra Mundial. Ele balançou a cabeça. Depois de uns minutos, respondeu: "Eu não sei quais armas podem ser usadas na Terceira Guerra Mundial, mas não há dúvida de que armas serão usadas na Quarta Guerra Mundial".
"E quais são essas armas?" perguntou um convidado.
"Lanças de pedra", disse Einstein.
Hoje, mais que em qualquer outro momento desde o fim da Guerra Fria, a sombra de uma Terceira Guerra Mundial se estende sobre todos nós. O risco, como sabemos, é que um envolvimento maior da Otan na guerra entre Rússia e Ucrânia leve a um conflito direto entre as duas superpotências nucleares.
Eu já escrevi antes sobre como uma certa interpretação da mecânica quântica através de realidades paralelas deveria aumentar a probabilidade que assinalamos a um conflito nuclear iminente. A ideia é baseada no viés do sobrevivente.
Explico: ameaças existenciais devem ceifar civilizações em uma certa porção das realidades paralelas. Mas a história é contada por uma realidade sobrevivente e, portanto, não temos evidência direta de todas aquelas realidades que sucumbiram à ameaça nuclear.
Contudo, temos bastante evidência indireta: de que já passamos bem perto de certos cenários nucleares apocalípticos e que, portanto, "sobrevivemos". Mas esta é uma explicação para o passado: não oferece nenhuma garantia de sobrevivência no futuro.
Já escrevi também sobre "os grandes filtros": uma explicação para a surpreendente ausência de civilizações extraterrestres tecnológicas na nossa história é que, através da galáxia, civilizações podem até surgir, mas nenhuma se desenvolve o suficiente para explorar o universo; cada forma de vida encontra um grande filtro, que lhe tolhe essa possibilidade.
Possivelmente, um desses grandes filtros é um descompasso entre a evolução biológica e sociopolítica, de um lado, e a evolução tecnológica, de outro.
Por exemplo, se certas tecnologias com aplicações perigosas —como a envolvida na criação de vírus mortíferos— evoluem mais rapidamente que nossa coesão sociopolítica, grupos cada vez menores ganham a capacidade de destruir a civilização da qual fazem parte. Se nossa coesão sociopolítica não acompanha cada passo de nossa evolução tecnológica, cada passo aumenta o risco de autodestruição.
Ou seja, há alguma evidência indireta de que o obstáculo que enfrentamos agora é real, e bem preocupante, mais até do que acreditamos. Mas, para levantar os espíritos do leitor, vou, na próxima coluna, explicar por que, mesmo no evento de uma hecatombe nuclear, é muito improvável que a espécie humana fosse totalmente extinta. Só voltaríamos para a vizinhança da Idade da Pedra.
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