Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Descrição de chapéu medicina

Guerras médicas

Decreto do governo federal que regulamenta residências médicas gera conflito com sociedades de especialistas

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São Paulo

Se o Conselho Federal de Medicina trocou a ciência pela ideologia —e o Cremesp, a seccional paulista da autarquia, parece seguir esses passos—, o mesmo não pode ser dito das sociedades e associações de especialistas, que equilibram melhor o respeito à ciência com os interesses profissionais da categoria.

As sociedades entraram em rota de choque com o governo federal. O motivo é o decreto 11.999/24, que reestrutura o sistema de residência médica. Bem ao estilo fominha do PT, o decreto aumenta consideravelmente o poder decisório do governo federal na Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), que regula, supervisiona e avalia os programas de residência. Pela nova norma, o governo passa a deter 6 das 13 cadeiras da CNRM, contra 3 de 12 na versão anterior.

Equipe médica no centro cirúrgico do hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias (RJ) - Eduardo Anizelli - 10.dez.23/Folhapress - Folhapress

O receio das sociedades é que o governo poderá agora moldar a residência a seus interesses. E os interesses do governo federal, registre-se, são perfeitamente legítimos. O foco, acredita-se, será ampliar programas do tipo saúde da família. O problema é que há outros interesses igualmente legítimos.

A residência médica é um sistema complexo que serve a vários senhores. Os residentes querem aprimorar sua formação para tornar-se especialistas; estados, municípios e hospitais buscam recrutar mão de obra barata e fidelizada para manter seus serviços; sociedades de especialistas estão de olho na capacitação de seus futuros associados. O melhor modo de conciliar tantos interesses é não dar a nenhuma ala o poder de impor suas vontades às outras —o contrário do que faz o decreto.

Quanto à população, ela deve olhar para residência com atenção. Com a proliferação de cursos médicos e a recusa da categoria em criar uma prova de qualificação nos moldes da da OAB, ter feito a residência será o melhor sinal a distinguir médicos mais preparados daqueles que podem ter concluído o curso apenas por estar em dia com as mensalidades.

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