As férias de verão chegam ao fim. O que ficam são as memórias desse importante momento em que pais, filhos e familiares convivem intensamente, se descobrem e se amam.
O BBB não nos deixa mentir, a convivência também pode ser combustível para irritação, briga e desequilíbrio mental. Nem "o maior amor do mundo", como alguns pais empolgados chamam a parentalidade, é capaz de resistir.
Na esperança de que a mudança de rotina traga entretenimento para os filhos, muitos pais decidem viajar. Foi o meu caso, que, nessas férias, desci com a família para o litoral.
O que as fotos no Instagram não mostram é que férias na praia são como na cidade, mas com mosquitos, areia, trânsito, goteira, choque no banho, cerveja quente, superlotação e travesseiro com cheiro de mofo.
Quando a família é maior que um tour da Tia Augusta, com pai, mãe, filhos pequenos gêmeos, enteada e sobrinha adolescentes, uma avó e um cachorro, como no meu caso, as coisas pioram. Pioram a ponto de a frase "pior não fica", na biografia familiar, ser trocada por "até aí, tudo bem".
Eu, que era um mãe winnicottiana, em pouco tempo, passei por uma metamorfose até me transformar em uma mãe dos anos 1980, torrada de sol, que coloca os filhos, também torrados de sol, no porta-malas com o cachorro.
Pois estávamos no carro, voltando da praia com a família, adolescentes, gêmeos e cachorros —os três últimos no porta-malas— calor, gritaria e areia. Até aí, tudo bem.
Começa a cair uma tempestade e um dos meninos anuncia: "Mamãe, preciso fazer cocô!". Olhei a tempestade e avisei: "Segura um pouquinho, que já já chegamos em casa". Até aí, tudo bem.
Meu filho avisa: "Mamãe, tô muito apertado". Eu me desespero: "Filho, vamos encostar para você fazer em um matinho". Mas ele tenta me tranquilizar: "Mãe, não precisa, já fiz o cocô".
Confusão, desespero e gritaria das adolescentes. Mas não havia formas de tirar o novo passageiro do carro. Então grito: "Aguentem aí! A gente limpa quando chegar em casa". Até aí, tudo bem.
Quando meu filho tranquiliza a família: "Pessoal, não precisa. O cachorro já comeu tudo".
Chegando em casa, estavam lá crianças e cachorros felizes. Como uma mãe dos anos 1980, virei as costas e fui para a cozinha fazer uma caipirinha.
Mas o que fica são as memórias. E até aí, tudo bem.
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