A Comissão da Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados aprovou, por 12 votos a cinco, um projeto que tem como objetivo proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo biológico.
No Brasil ainda não há lei que legalize o casamento de pessoas do mesmo sexo. A união de pessoas do mesmo sexo biológico é permitida por um precedente do STF, o que garante aos parceiros direitos fundamentais, como herança, plano de saúde e adoção.
Isso dá munição para que deputados "moralistas" gastem grande parte do mandato tentando barrar conquistas dos cidadãos LGBTQIAPN+.
Especialistas dizem que é pouco provável que o projeto seja aprovado. Mas os deputados têm objetivos muito mais políticos do que práticos. Querem conquistar eleitores "cidadãos de bem" que, assim como eles, fingem ser grandes defensores de pautas conservadoras. Mas a história já provou que todo moralista na verdade esconde um desejo reprimido ou perversão.
O relator do projeto, o deputado Pastor Eurico, já havia usado parte do seu tempo na Câmara para defender o tratamento da "cura gay", o que levou muita gente a estranhar tanta obsessão pelo assunto.
Assim como o pastor, 25% dos deputados que votaram a favor do projeto de lei são do PL. Talvez o nome "Partido Liberal" esconda um temor de liberar outra coisa.
Seguindo a tradição de devolver à sociedade a "moral e os bons costumes", é provável que esses deputados tenham mais projetos pela frente.
Após proibir o casamento homoafetivo, os deputados devem pedir a volta do uso do termo "homossexualismo" e recolocá-lo na lista de distúrbios mentais. Os tratamentos a portadores de HIV pelo SUS serão substituídos pela "cura gay".
Os deputados também vão obrigar que pessoas trans voltem a usar seus nomes antigos, já que, para eles, é a "vontade de Deus". Como se Deus já não estivesse bastante ocupado.
Eles pretendem seguir o caminho de países como Arábia Saudita, Brunei e Irã e proibir qualquer relação homoafetiva.
Como, para eles, a mulher pertence a seu marido, é provável que eles também barrem as conquistas femininas históricas, como o direito ao divórcio, pensão alimentícia e à vida.
Se um homem matar uma mulher, a culpa é da esposa. E assim seguimos em direção aos braços do fundamentalismo.
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