Nascido em Santo Anast�cio (SP), em 1978, � autor de 'Esquim�' (Cia. das Letras, 2010) e 'Golpe de Ar' (Ed. 34, 2009). Escreve aos domingos, a cada duas semanas.
Besteirada
Ilustra��o Guazelli | ||
Cena
De uma s�rie c�mica de TV que vi h� alguns dias e n�o quero esquecer:
O mafioso entra no gabinete de um rica�o pra cobrar uma d�vida e este come�a a se desculpar: os neg�cios n�o v�o bem e, pra piorar, acabou de ser diagnosticado com um c�ncer. Como se n�o bastasse, a esposa fugiu com o analista, o filho virou mu�ulmano e a filha de 15 anos, deficiente mental, est� gr�vida. O mafioso arregala os olhos, indignado, e diz:
— Voc� s� pode estar me confundindo com algu�m que se importa.
Poeta
— Picanha � o soneto das carnes. Cora��o de galinha � haicai.
Prosador
— Meu pesto � melhor que meu texto.
Educa��o
— Pai, quem fez o calend�rio? - pergunta o menino, fascinado com a aparente arbitrariedade do sistema de 365 dias divididos em 12 meses (um deles com 28 dias!) cujos nomes parecem senhas de acesso a mundos misteriosos.
Mas o pai responde:
— A gr�fica.
Homerinho
�s dez da noite, entra com duas amigas num t�xi em Copacabana, destino Lapa, e pergunta pro motorista, com sua voz grave e num portugu�s ironicamente culto:
— Pode-se fumar no seu carro?
O homem pondera:
— A essa hora pode.
Ele saca um baseado do bolso
da camisa:
— Ent�o vai pela praia.
Rotary
— Sua mulher � canadense?
— N�o. � que ela sofreu um derrame no ano passado.
Outro
Aos s�bados, numa feijoada da Vila Madalena, ele toca cavaquinho com o grupo Alegres Chor�es. Da �ltima vez, no intervalo, uma das gar�onetes se aproximou:
— Voc�s tocam a mesma m�sica durante quatro horas?
Ele explicou que n�o. De jeito nenhum. S�rio que ela achava que era a mesma m�sica? Eles executavam pelo menos trinta choros por apresenta��o. Ainda pasmo, mas j� vendo despontar dentro de si a curiosidade do professor de cavaco, viol�o e guitarra que ele tamb�m era nos dias de semana, perguntou que tipo de m�sica ela ouvia. Rap e funk. Mas gostava mesmo de funk.
— E voc� acha que, ao contr�rio do chorinho, um funk � muito diferente do outro?
— Completamente! —disse a mo�a, arregalando os olhos e rindo, constrangida, diante daquela pergunta absurda.
Voz
H� poetas que levam trinta, quarenta anos at� encontrar uma voz. H� tamb�m os que morrem antes disso. Se vivessem mais algumas d�cadas, fatalmente escreveriam bons poemas. Mas levam uma vida de merda e acabam batendo as botas cedo demais.
Livraria da Folha
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