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� jornalista com mestrado em Economia Pol�tica Internacional no Reino Unido. Venceu os pr�mios Esso, CNI e Citigroup. M�e de tr�s meninos, escreve sobre educa��o, �s quartas.
M�es que se importam n�o d�o vexame
Eduardo Knapp - 6.nov.2015/Folhapress | ||
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Crian�as jogam xadrez em escola em SP |
Meu filho quis fazer aula extra-curricular de xadrez. Ele adora o jogo, mas, como muitas crian�as, ainda n�o lida bem com derrotas.
Ao v�-lo desanimado depois de um campeonato escolar, tive uma ideia. Resolvi tentar aprender tamb�m. Pensei que seria uma forma de incentiv�-lo, interagir com ele e refor�ar que ganhar e perder fazem parte da vida.
Fiz as aulas por Skype, de manh� super cedo, com menos dedica��o do que gostaria, mas entendi o b�sico e fiquei muito feliz com os resultados da experi�ncia.
Por um lado, curti muito aprender algo novo. Por outro, ele voltou a se animar com o jogo.
At� que chegou uma dupla not�cia: o evento de xadrez com pais e filhos de fim de ano da escola estava marcado, e meu marido, que joga um pouco melhor do que eu, n�o poderia participar.
A miss�o ficou, portanto, comigo. Eu j� conhecia as regras da brincadeira. Sabia que alunos jogariam entre eles e seus acompanhantes familiares tamb�m. As duplas melhores colocadas seriam premiadas.
No dia D, me bateu um certo nervosismo.
Eu —que quis aprender a jogar para ensinar meu pequeno que a vida � pontuada por pequenas e grandes vit�rias, mas tamb�m por trope�os, e que o mais importante � persistir— fiquei, de repente, com medo de decepcion�-lo.
Ciente do meu prov�vel desempenho ruim de iniciante, escrevi para o meu professor falando sobre os pontos fracos que eu tinha identificado nas minhas jogadas e perguntando se ele teria alguma dica do que fazer para mitigar meu inevit�vel "vexame".
O supercompetente e sempre sol�cito Tiago Henrique, naquele dia, n�o me mandou de volta nenhum ensinamento sobre o xadrez, mas me deu uma grande li��o de vida:
"Sauda��es, minha querida amiga �rica. Estou �timo, e voc�?
Como � que uma pessoa que � m�e de tr�s filhos pequenos, jornalista, com a vida mais corrida do que o Flash tentando salvar a cidade, e ainda acha tempo para aprender xadrez com o intuito de incentivar o filho, poderia dar vexame?
Em que situa��o isso poderia acontecer? Me conta porque agora fiquei curioso!".
Em poucas linhas, Tiago —que, al�m de �timo enxadrista, � um excelente pai— falou tudo.
Dar vexame � ter filhos e n�o se importar com eles.
Infelizmente, n�o faltam hist�rias tristes que mostram que isso acontece. No meu dia a dia de maternidade, no entanto, passei a notar tamb�m os muitos exemplos de pais e m�es que, errando e acertando, est�o sempre tentando o seu melhor.
E, para as crian�as, isso � o que importa. Receber amor, entendendo que temos nossas limita��es, que n�o vamos chegar a todas, n�o conseguiremos proteg�-los de tudo o que preferir�amos que eles n�o sofressem, mas que estaremos por perto, para apoi�-los e incentiv�-los.
Pena que a ideia de que ter filhos � algo t�o mais complicado do que isso e que pais precisam ser testados e reconhecidos o tempo todo tenha se disseminado tanto. A vida poderia ser mais simples e leve do que isso.
Adoraria ter ajudado meu filhote a ganhar o trof�u que ele tanto almeja.
Mas ouvi-lo dizer ap�s o jogo "mam�e, muito obrigado por ter me acompanhado mesmo n�o sabendo jogar t�o bem e parab�ns pelo seu esfor�o" foi o melhor pr�mio que eu poderia ter recebido neste ano.
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