� jornalista com mestrado em Economia Pol�tica Internacional no Reino Unido. Venceu os pr�mios Esso, CNI e Citigroup. M�e de tr�s meninos, escreve sobre educa��o, �s quartas.
Governos acordam para a import�ncia de envolver pais com escolas
Marcelo S. Camargo - 25.mai.2017/A2IMG | ||
Estudantes durante aula em escola da rede estadual de S�o Paulo |
A participa��o ativa dos pais � crucial para o bom desempenho educacional dos filhos.
Se essa afirma��o for �bvia, ela � ignorada por uma parcela n�o desprez�vel de fam�lias brasileiras, como revela um levantamento do IBGE de 2015.
Segundo a PeNSE (Pesquisa Nacional de Sa�de do Escolar), os pais de quatro em cada dez adolescentes do 9� ano do ensino fundamental n�o verificam se suas li��es de casa foram feitas.
As fam�lias de 23,4% dos alunos desconhecem o fato de que eles faltaram a aulas nos 30 dias anteriores � enquete, e um percentual parecido n�o sabe o que os jovens fazem em seu tempo livre.
Em 26% das fam�lias, nenhum dos pais est� presente em pelo menos uma refei��o durante a semana.
Todas essas atividades de engajamento entre pais e filhos t�m efeito positivo no desempenho escolar, segundo um amplo conjunto de pesquisas.
J� citei aqui estudo da OCDE segundo o qual uma �nica refei��o semanal familiar est� associada a um aumento de pelo menos 12 pontos na nota dos jovens em ci�ncias no exame internacional Pisa.
O que pesquisas como essa parecem capturar � que demonstra��es de interesse sobre a vida de crian�as e jovens melhoram sua aprendizagem.
Pode ser que os pais omissos nesse sentido desconhe�am essa rela��o ou que simplesmente se esque�am dela no dia a dia corrido.
Mas experimentos recentes mostram que basta lembrar �s fam�lias sobre a import�ncia de acompanhar a rotina escolar dos filhos para que elas reajam de forma positiva.
� medida que esses resultados come�aram a circular, os governos t�m acordado para o fato de que mediar e incentivar a aproxima��o entre pais e escolas pode ajudar, e muito, a melhorar a educa��o.
Provavelmente n�o ser� a salva��o da p�tria, mas � um caminho que, se perseguido em larga escala, talvez ajude o Brasil a superar um quadro de fracasso educacional, principalmente no ensino m�dio, em que outras medidas tentadas at� agora t�m surtido efeito reduzido.
"O que a gente nota � que n�o est� havendo um efeito milagroso de fazer o aluno voltar para a sala de aula", me disse na semana passada Jos� Renato Nalini, secret�rio de Educa��o do Estado de S�o Paulo.
Um dos principais problemas que desafiam os gestores educacionais � a elevada evas�o escolar na adolesc�ncia, como ressalta Nalini: "A escola tem salas um pouco ociosas e os barezinhos das imedia��es est�o cheios".
Com a assessoria do Insper Metricis e do BID, o governo de S�o Paulo identificou que a aproxima��o dos pais com as escolas � uma das medidas que podem ajudar a reverter o problema.
O Estado teve uma experi�ncia avaliada como positiva nessa dire��o. Em 2016, testou em uma parte pequena da rede um programa chamado EduqMais, que envolvia mandar mensagens simples de texto para os pais, via SMS, alertando para a import�ncia da frequ�ncia escolar.
H� evid�ncias, medidas em uma avalia��o de impacto, de que a taxa de reprova��o caiu e a aprendizagem dos alunos aumentou como consequ�ncia do experimento.
Desde agosto, Mato Grosso tamb�m tem feito uma interven��o que envolve a comunica��o com pais, via SMS, por meio de outro programa, chamado Mira Aula. Seu impacto ser� testado em breve.
Outros Estados e munic�pios v�m testando esses e outros programas.
A comunica��o via SMS com os pais � barata e tem a vantagem de atingir fam�lias que t�m celular —a vasta maioria—, mas n�o necessariamente acesso � internet.
At� ent�o, experi�ncias desse tipo t�m sido implementadas da seguinte forma: as start-ups ou organiza��es criadoras das ferramentas convencem governos a implement�-las experimentalmente e com um modelo que permita que os resultados sejam avaliados de forma s�ria.
S�o Paulo dar� um passo mais ousado no sentido de tentar fomentar a inova��o na pol�tica p�blica educacional. O Estado testar� um modelo importado do Reino Unido e j� usado em quase 20 pa�ses que se chama contrato de impacto social.
Nesse formato, o governo abre um edital para receber propostas com objetivo de melhorar indicadores espec�ficos.
A escolha do provedor � feita por meio de competi��o, como num leil�o. E o eleito s� recebe se atingir os objetivos estabelecidos ao longo do tempo do contrato.
No caso de SP, as metas envolvem melhorar �ndices de aprova��o e conclus�o no ensino m�dio, etapa em que a evas�o escolar se agrava muito.
Uma das exig�ncias que devem constar do edital —que est� atualmente aberto a consulta p�blica— � que, seja qual for a ferramenta proposta, ela precisa incluir medidas para aproximar os pais da vida escolar dos filhos.
Pode soar como paternalismo, mas as fam�lias n�o s�o obrigadas a agir. Est�o sendo apenas estimuladas a ficar atentas. Como prop�e o vencedor do Nobel de Economista deste ano, Richard Thaler, � empurr�o ("nudge") na dire��o correta.
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