� jornalista com mestrado em Economia Pol�tica Internacional no Reino Unido. Venceu os pr�mios Esso, CNI e Citigroup. M�e de tr�s meninos, escreve sobre educa��o, �s quartas.
Dificuldade em fazer contas diminui a persist�ncia, e vice-versa
Apu Gomes - 19.ago.11/Folhapress | ||
Alunos do 1� ano do ensino m�dio em aula de matem�tica em SP |
Os brasileiros n�o sabem fazer contas porque s�o pouco persistentes, e s�o pouco persistentes porque n�o sabem fazer contas.
Quem nasceu primeiro? Dif�cil saber com precis�o. Mas provavelmente os dois problemas come�am juntos e v�o se refor�ando, negativamente, ao longo da vida.
Um relat�rio recente do CAF (Banco de Desenvolvimento da Am�rica Latina) traz pistas interessantes e bem fundamentadas sobre isso.
O estudo "M�s habilidades para el trabajo y la vida" talvez seja a primeira tentativa de analisar as caracter�sticas dos indiv�duos e seus impactos em diversos aspectos de suas vidas em um grupo grande de pa�ses latino-americanos ao mesmo tempo.
O interesse por esse assunto tem crescido � medida que aumentam as evid�ncias de que o sucesso individual n�o se explica apenas pela intelig�ncia.
O psic�logo Walter Mischel j� demonstrou que crian�as capazes de resistir � tenta��o de comer um doce imediatamente para, minutos depois, receberem dois se d�o muito melhor na vida anos mais tarde. A caracter�stica que os pequenos mais resistentes demonstram � o autocontrole.
Esse e outros tra�os da personalidade —como a rapidez com que nos recuperamos de problemas e a abertura a novas experi�ncias— t�m sido chamados de habilidades socioemocionais.
Elas parecem complementar os aspectos cognitivos, mais associados � capacidade de processar informa��es, identificar padr�es, fazer contas e compreender a linguagem.
A pesquisa do CAF d� um passo importante na dire��o de confirmar esses ind�cios.
O estudo identificou que, entre as caracter�sticas analisadas, a capacidade de fazer c�lculos � a que apresenta maior correla��o positiva com a renda na Am�rica Latina.
Mas descobriu tamb�m que a persist�ncia � a habilidade com maior impacto sobre a probabilidade de que uma pessoa esteja empregada.
A Am�rica Latina e o Brasil v�o muito mal tanto nos aspectos cognitivos quanto nos socioemocionais.
A pesquisa mostra que at� os indiv�duos mais escolarizados da regi�o encontram alguma dificuldade em calcular propor��es simples.
Revela tamb�m que os jovens da regi�o t�m baixo n�vel de persist�ncia quando comparados ao de na��es como Finl�ndia, Coreia e Cingapura.
O Brasil � o pa�s com o segundo pior desempenho nesse quesito entre os 13 analisados.
Um achado importante do CAF � que h� uma correla��o alta entre os n�veis de diferentes habilidades. Ou seja, aqueles que t�m facilidade em fazer contas tamb�m possuem a linguagem muito desenvolvida, s�o persistentes e extrovertidos.
E, quanto mais alto for o estoque inicial dessas caracter�sticas, mais forte � a probabilidade de que novos talentos sejam desenvolvidos.
A conclus�o �bvia � que, como temos um deficit enorme no nosso estoque de habilidades, o esfor�o que precisamos empreender para diminu�-lo � gigante.
Segundo o CAF, o caminho para isso passa por melhorar os insumos e processos educacionais, mas tamb�m por orientar as fam�lias sobre como estimular suas crian�as e por mais treinamento no mercado de trabalho.
Uma ponta de esperan�a vem da constata��o de que nunca � tarde demais para tentar reverter o quadro negativo.
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