� jornalista com mestrado em Economia Pol�tica Internacional no Reino Unido. Venceu os pr�mios Esso, CNI e Citigroup. M�e de tr�s meninos, escreve sobre educa��o, �s quartas.
Brasil teve a maior piora em �ndice que mede 'bem-estar' de jovem na escola
Douglas Khal/Lente Quente | ||
Estudantes mostram cartazes confeccionados durante ocupa��o |
A preocupa��o sobre que tipo de forma��o educacional deve ser oferecida aos jovens n�o � exclusividade do Brasil.
Ficou claro –e isso n�o � de hoje– que curr�culos tradicionais, com grades fixas de disciplinas e foco exclusivo na absor��o de conte�do n�o atendem �s necessidades de um mundo de r�pidas transforma��es tecnol�gicas. J� virou clich� dizer que o principal desafio da escola hoje � ensinar o aluno "a aprender a aprender".
O que muda de um pa�s para outro � a urg�ncia necess�ria das mudan�as e, nesse quesito, o Brasil infelizmente se destaca.
Al�m do fraco desempenho em exames de aprendizagem, os sentimentos de afastamento e frustra��o do jovem brasileiro em rela��o �s suas escolas aumentam a um ritmo muito r�pido.
A OCDE, institui��o respons�vel pelo exame internacional PISA, calcula um �ndice que tenta medir o bem-estar dos alunos de 15 anos no ambiente escolar.
Entre 2003 e 2012, o Brasil teve a maior deteriora��o nessa medida entre os 38 pa�ses para os quais h� n�meros para o per�odo.
Houve piora em todos os aspectos pesquisados (facilidade em fazer amigos, sentimento de solid�o e de "n�o pertencimento").
pertencimento - Mudan�a no sentimento de "bem-estar" do jovem em rela��o � escola entre 2003 e 2012*
O Brasil tamb�m teve uma das maiores quedas (a quarta mais expressiva) em outro �ndice que tenta traduzir como os jovens avaliam a import�ncia da escola em suas vidas.
O percentual de estudantes que discordavam da afirma��o "a escola foi uma perda de tempo" caiu, por exemplo, de 97,7% para 92,2% no per�odo.
A OCDE tem tentado medir o impacto desse tipo de sentimento dos alunos em sua aprendizagem. N�o encontrou uma rela��o alta de causa e consequ�ncia entre esses dois �ndices e o desempenho dos alunos em matem�tica.
Mas a institui��o continua preocupada em monitorar essas tend�ncias. Isso se justifica, entre outros fatores, porque o n�vel de envolvimento do aluno ajuda a prever a tend�ncia ao absente�smo, um indicador importante do risco de evas�o, que, no caso do Brasil, � muito elevada.
Segundo o movimento "Todos pela Educa��o", 1,7 milh�o de jovens brasileiros de 15 a 17 anos (o equivalente a 17% do total) est� fora da escola.
O que ser� que eles pensam sobre a medida provis�ria de reforma do ensino m�dio apresentada pelo governo Michel Temer, que busca melhorar a aprendizagem e tornar o ensino mais atraente?
Alunos que ocupam centenas de escolas no pa�s se op�em � proposta. Ser� que essa posi��o representa a vis�o da maioria dos jovens brasileiros ou n�o? O que defendem exatamente esses estudantes que protestam?
O projeto do governo prev� maior flexibilidade dos alunos para escolher as �reas em que querem se aprofundar e a amplia��o do ensino integral. S�o caminhos vistos como desej�veis por muitos especialistas.
Mas falta entender melhor a opini�o dos jovens brasileiros –principalmente daqueles que desistiram da escola– sobre essas mudan�as e sobre seus anseios de forma geral. Sem ouvi-los, qualquer reforma corre o risco de afastar esses adolescentes ainda mais da educa��o, comprometendo seu futuro e, consequentemente, o de todo o pa�s.
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