A blindagem que protegia Fabrício Queiroz foi coordenada por Asmodeu. Em 2018, quando um passarinho da Polícia Federal fez chegar aos Bolsonaro a informação de que havia gente de olho no chevalier servant do capitão, ele foi protegido pelo sete lados.
De saída, Queiroz e sua filha foram demitidos dos gabinetes da família em que estavam lotados. Em seguida, tratou-se da sua defesa. O primeiro nome que entrou na roda foi o do advogado Antônio Pitombo. Não era conveniente, porque ele defendia Jair Bolsonaro. Numa segunda hipótese o caso iria para Christiano Fragoso. Profissional renomado, estaria acima das posses de Queiroz. Tratava-se de arrumar um advogado que não desse na vista. Nessa altura, Queiroz sumiu das vistas do público e Jair Bolsonaro paralisou toda a operação, chamando-a a si.
Na quinta-feira (18), o vexame: Fabrício Queiroz estava guardado no sítio de Atibaia do doutor Frederick Wassef, o "Anjo", da família Bolsonaro.
Wassef gosta de holofotes, fez fama e tornou-se figurinha carimbada em Brasília e vistosa presença em eventos oficiais. O que foi uma operação para afastar Queiroz da família virou uma pajelança tabajara que resultou no oposto. Pior, só se ele estivesse no Alvorada.
Queiroz estava sem advogado desde dezembro do ano passado. Seu novo defensor é Paulo Emílio Catta Preta. Até fevereiro ele cuidava dos interesses do miliciano Adriano da Nóbrega, que estava foragido e foi morto pela polícia no interior da Bahia, num sítio do vereador Gilsinho da Dedé, eleito pelo PSL, partido a que pertenceu Jair Bolsonaro. A mãe e a mulher de Adriano estiveram lotadas no gabinete de Flávio Bolsonaro, sob o patrocínio de Fabrício Queiroz.
Preso, Queiroz vê a realização de suas premonições. Em 2018, ele perguntou a um advogado quantos anos ia pegar. Meses depois, assustado, dizia que "o Ministério Público está com uma pica do tamanho de um cometa para enterrar na gente e não vem ninguém agindo".
Pelo visto, o "Anjo" Wassef agia. Passaram-se dois anos do aviso dado pelo passarinho da Polícia Federal, a questão, piorada, voltou ao ponto de partida: o Ministério Público não tem pressa, só tem perguntas.
Tormentas à vista
A família Bolsonaro tem quatro tormentas pela frente:
A Câmara do Tribunal de Justiça do Rio onde cairá um pedido de revogação da prisão preventiva de Fabrício Queiroz é severa.
O senador Flávio Bolsonaro não tem foro privilegiado no caso das "rachadinhas", pois a trama ocorreu quando ele era deputado estadual.
O Ministério Público do Rio está com a faca nos dentes.
Qualquer recurso que vá ao Superior Tribunal de Justiça cairá na relatoria do ministro Felix Fischer, que come abelha.
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