O número de acidentes graves envolvendo ciclistas no Brasil cresceu 30% na comparação entre os cinco primeiros meses de 2020 e de 2021. O dado faz parte de um levantamento divulgado nesta quarta (18) pela Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego).
O mês com mais ocorrências foi janeiro, com 1.451 casos registrados no país. Os cálculos foram baseados nos registros do Datasus.
Os piores resultados ocorreram nos estados de Goiás (alta de 240% nos acidentes graves envolvendo ciclistas), Rondônia (113%) e Sergipe (100%).São Paulo registrou uma elevação de 23% nos sinistros, com 1.950 ocorrências entre janeiro e maio.
Os dados da Abramet mostram que cerca de 80% dos ciclistas acidentados com gravidade eram homens.
A faixa etária predominante, entre 20 e 59 anos, corresponde a 60% dos casos.
O cruzamento dos dados permite concluir que muitas das ocorrências estão relacionadas aos serviços de delivery.
Quem depende da bicicleta para trabalhar se expõe mais. É comum ver entregadores com caixas térmicas nas costas subindo ruas na contramão, costurando em meio aos carros e furando semáforos vermelhos.
Apesar dessas infrações de trânsito, os motoristas precisam ser lenientes: para esses ciclistas, que ganham pouco a cada entrega, tempo é dinheiro.
Trata-se de uma disputa desigual de forças, e um pouco mais de atenção e empatia por parte dos condutores de veículos motorizados contribuirá para um trânsito menos mortal.
A Abramet vai utilizar os dados para traçar estratégias que reduzam os riscos para os que pedalam Brasil afora.
“A superioridade numérica dos acidentes envolvendo pedestres e motociclistas fez com que os ciclistas fossem negligenciados enquanto objeto de políticas de prevenção”, diz em nota, Flavio Adura, diretor científico da Abramet.
“Comparada a alguém que se desloca em um automóvel, uma pessoa que circula em uma bicicleta tem uma probabilidade de óbito oito vezes maior", afirma o diretor.
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