É do feitio do PT marcar posição mesmo quando contraria algum interesse imediato do governo, mas não é da natureza do partido tomar decisões que se contraponham às ideias do chefe. Tendo isso em mente é que se deve ler a resolução do Diretório Nacional aprovada nesta semana.
Foram dados variados recados em palavras que Luiz Inácio da Silva não poderia pronunciar sem se complicar com aliados e adversários. Descontadas as indiretas bem diretas a Cristiano Zanin, Arthur Lira, militares e ao governo da Bahia, o que sobra ao se espremer o texto é a mensagem de que 2026 já começou.
A defesa da reeleição do presidente Lula —e para isso destinou-se a resolução— marca o início da campanha pela permanência dos petistas no poder, tendo como etapa preliminar a eleição municipal de 2024.
O pleito, diz o documento, é estratégico "para consolidar uma sólida aliança popular e democrática que promova a recondução do governo Lula". Na confraria serão aceitos todos os candidatos a prefeitos e vereadores de qualquer matiz ideológico. Com uma condição: que se comprometam a apoiar o PT na corrida ao Planalto.
E por que lançar o tema desde já, se a candidatura do presidente depende de condicionantes como saúde, êxito do governo, as voltas do mundo e, sobretudo, humor do eleitorado à época?
Porque o exercício do poder é um capital precioso, e a expectativa de continuidade no poder um patrimônio tão ou mais valioso na política. É com esses dois ativos que os petistas contam para enfrentar a ofensiva da direita na construção do discurso e na conquista do comando de grandes cidades, alicerces para a disputa presidencial.
O investimento se avizinha pesado. A ideia é concentrar esforços nas capitais com o resgate do debate sobre a defesa da democracia, a fim de manter viva a chama do embate entre esquerda e direita, deixando ao centro o papel (secundário) de coadjuvante engajado.
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