Deirdre Nansen McCloskey

Economista, é professora emérita de economia e história na Universidade de Illinois, em Chicago

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Deirdre Nansen McCloskey
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tecnologia

A IA não é ameaçadora

A inteligência artificial não é um ser humano; ela não 'entende' nada

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Logotipo do ChatGPT, criado pela OpenAI - Dado Ruvic/Reuters

Como todo mundo, eu continuo me deparando com os resultados da inteligência artificial generativa. Não me impressionam.

IA é a ideia de "conhecimento" de um engenheiro, qual seja, pilhas de fatos. Sua novidade reside apenas no fato de reunir entre os "fatos" da pilha as opiniões expressas pelo escritor médio. Assim, seu produto parece um artigo escrito por um jornalista de quarta categoria.

Tecnicamente falando, a IA funciona lendo, digamos, todas as edições da Folha desde 1921 e depois usando esse conjunto de textos para prever qual será a palavra seguinte, para responder a uma pergunta ou tarefa. Isso é tudo. A palavra "responder" é usada aqui livremente.

A IA não é um ser humano e, portanto, sua escolha da palavra seguinte não inclui a suposição sobre outras mentes ou o entendimento das intenções de outras pessoas ao fazer a pergunta. Ela não "entende" nada.


Ela não pensa, pelo menos se pensar envolver mais do que conhecer fatos úteis para prever a palavra seguinte, como que, em português, "o, a, os ou as" serão seguidos por um substantivo definido, ou que Deirdre frequentemente fala sobre "humanomia", ou que a Folha tem uma probabilidade incomum de mencionar a palavra "economia", pelo menos em comparação com a média dos romances em português.

Se você pedir à IA para escrever uma coluna Deirdre para o jornal, ela lerá tudo o que ela já escreveu para a Folha e compilará 375 palavras de coisas muito chatas, totalmente sem originalidade, sem qualquer ideia nova, é claro, mas mencionando muitas vezes "humanomia" e "economia" e até mesmo "a".

Meu programa de pesquisa do Google decidiu começar sempre com um resultado de IA. É irritante. Por exemplo, eu procuro um resumo sensato de fatos precisos e opiniões inteligentes sobre a agricultura medieval inglesa, porque neste momento estou escrevendo um grande livro sobre seu estranho sistema de "campos abertos". Já conheço mais de 99,99% dos estudiosos desse sistema, pois já trabalho no livro há meio século. Mas quero me inteirar e reagir ao que os outros pensam que sabem.

Quero saber o que os seres humanos pensam. A Wikipédia é muito melhor. É uma máquina que "entende". "Posso, por exemplo, detectar a política dos escritores. A política acaba sendo importante para a ciência, mesmo ao se referir a camponeses mortos há muito tempo. É história real. Interessante.

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