A economia já foi vista, adequadamente, como "a filosofia mundana".
Os economistas forneciam à distância, sentados na academia ou escrevendo livros, muitos conselhos sábios sobre, digamos, o livre comércio para o país, dentro e fora. Como pessoas adultas, é aconselhável que sigamos os conselhos sábios. Escove os dentes. Afivele o cinto de segurança. Economize para a velhice. Porém, tal como as crianças, nós, cidadãos, nem sempre seguimos os sábios conselhos dos filósofos mundanos. Uma pena.
Desde a década de 1920, porém, os economistas vêm abandonando cada vez mais o negócio da sabedoria e assumindo o negócio da gestão.
Eles aconselham o enorme Estado moderno, que nos coage a roubar de Pedro para pagar a Paulo, a subsidiar esta ou aquela indústria, a dançar ao som do Banco Central.
A economia tornou-se uma "ciência de políticas", ou seja, um bando de engenheiros sociais dedicados a cutucar, gerir, dirigir, conduzir e planejar detalhadamente a partir do alto. A velha e sábia filosofia que permite que as pessoas sejam criativas numa igualdade de permissão liberal foi esquecida.
A razão pela qual isso aconteceu é que os eleitores acreditam que os economistas podem cutucar, gerir etc. para buscar melhorar a situação de todos nós.
Os eleitores e os políticos pensam que a política econômica é uma forma racional, ao estilo da engenharia, de conduzir uma economia, como um automóvel. O Banco Central dos Estados Unidos (Fed) emprega 3.000 pessoas apenas no seu escritório em Washington —300 das quais são economistas doutores— e outros milhares em bancos regionais.
A missão de tudo isso é "fornecer à nação um sistema monetário e financeiro mais seguro, mais flexível e mais estável; ao longo dos anos, seu papel na banca e na economia expandiu-se".
Parece bom. Mas é uma loucura.
A economia é uma ciência, sim, mas uma ciência como a cosmologia ou a história, que nos dá sabedoria, não orientação prática detalhada. Não é um método para dirigir um automóvel.
Por que não? Porque dirigir a economia é imprevisível, mas dirigir um automóvel não. Afinal, se os economistas pudessem fazer previsões para controlar a economia, com a precisão que se tem ao dirigir um automóvel, poderiam se constituir como empresas privadas e ganhar um bilhão. Cada um deles. Mas, na verdade, eles dirigem envoltos em neblina, e o volante e os freios não funcionam.
O que fazer? Parem o automóvel da política. Antes que ele mate alguém. Ou destrua uma economia.
Tradução de Luiz Roberto Gonçalves
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.