� rep�rter especial. Ganhou pr�mios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundaci�n por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Escreve �s quintas e aos domingos.
Chile-17, espelho para 2018?
Martin Bernetti - 21.mar.2017/AFP | ||
O ex-presidente Sebasti�n Pi�era, � frente nas pesquisas do 2� turno |
A campanha eleitoral chilena come�ou, no in�cio do ano, com a perspectiva de que marcaria mais um avan�o do liberalismo na Am�rica do Sul, superando o ciclo esquerdista dos primeiros anos do s�culo.
Chega ao fim neste domingo (17) como mais uma tradicional batalha entre esquerda e direita, em que o liberalismo � apenas tangencial. � verdade que Sebasti�n Pi�era, presidente entre 2010 e 2014, faz parte tranquilamente do clube liberal que ganhou na Argentina, com Mauricio Macri, e no Peru, com Pedro Pablo Kuczynski.
E ascendeu tamb�m aqui no Brasil, n�o pela desej�vel via eleitoral e nem tanto por Michel Temer em si, mas pela agenda liberal que ele encampou.
Acontece que o inesperado empate entre esquerda e direita no primeiro turno for�ou ambos os candidatos a correrem para os seus pr�prios lados, Pi�era para a direita e o senador Alejandro Guillier para a esquerda.
Como, no Chile, as reformas liberais j� foram feitas —e de forma radical— pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), Pi�era usou pouco dessa linha program�tica durante a campanha.
Centrou-a no crescimento econ�mico, territ�rio no qual leva vantagem, na compara��o com o governo de Michelle Bachelet: neste, o crescimento foi inferior a 2% ao ano (1,5% em 2017, prev� a Cepal); com Pi�era, chegou a cerca de 5%.
Crescimento �, obviamente, uma agenda inescap�vel para qualquer candidato, de direita, de centro ou de esquerda.
Talvez por isso Guillier tenha acrescentado ao crescimento o combate � desigualdade —uma chaga aberta tamb�m no Chile, que a ditadura aprofundou e a democracia n�o foi capaz de reduzir.
O candidato oficialista deslocou-se tanto para a esquerda que seu com�cio de encerramento foi animado por dois nomes hist�ricos da esquerda latino-americana: o conjunto folcl�rico chileno Inti Illimani e o ex-presidente uruguaio Jos� "Pepe" Mujica.
Guillier necessita desesperadamente atrair os eleitores da coliga��o esquerdista Frente Ampla, um conglomerado de movimentos sociais que obteve 20% dos votos no primeiro turno e ficou a apenas dois pontos percentuais de tirar a vaga do senador no segundo turno.
Ele obteve o apoio de um punhado de l�deres da Frente Ampla, inclusive de sua candidata presidencial, Beatriz S�nchez.
A elei��o dir� se basta para quebrar o des�nimo do eleitor chileno (s� 43% se animaram a votar no primeiro turno).
O apoio a Guillier tem pre�o: Alberto Mayol, que perdeu para Beatriz S�nchez a disputa interna na Frente Ampla pela candidatura presidencial, diz que o objetivo do voto em Guillier "� remediar as car�ncias de seu projeto; ser� um desafio, talvez uma disputa".
J� Pi�era angariou o apoio de Mauricio Macri, o presidente argentino, o que permite alguma aproxima��o ao pleito brasileiro do ano que vem, com a ressalva de que cada pa�s tem suas peculiaridades e de que nenhuma compara��o � perfeita.
De qualquer forma, uma vit�ria de Pi�era dar� g�s aos liberais brasileiros, se conseguirem achar um candidato realmente vi�vel. Se Guillier vencer, a leitura � a de que a esquerda � mais forte se se unir.
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade