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� rep�rter especial. Ganhou pr�mios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundaci�n por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Escreve �s quintas e aos domingos.
Para salvar 413 mil vidas
Danilo Verpa = 08.abr.17/Folhapress | ||
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Jovem assassinado na periferia do Recife |
Est� sendo lan�ada nesta segunda-feira (8) no Rio de Janeiro uma campanha cujo objetivo primordial � salvar a vida de 413 mil latino-americanos. D� mais do que toda a popula��o de Vit�ria, capital capixaba, com seus 360 mil habitantes.
Em n�meros relativos, trata-se de reduzir a taxa de homic�dios na regi�o pela metade em 10 anos.
A campanha chama-se Instinto de Vida (detalhes em br.instintodevida.org) e � uma iniciativa de 33 organiza��es latino-americanas.
Do Brasil, participam o Instituto Igarap�, Nossas, Instituto Sou da Paz, Anistia Internacional Brasil, Observat�rio de Favelas e F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica.
Reduzir o mortic�nio � o ponto de chegada. O ponto de partida, lan�ado nesta segunda, � tentar mobilizar a opini�o p�blica e sensibilizar autoridades em torno da urg�ncia do tema.
"Precisamos definitivamente colocar o tema na agenda", diz Ilona Szab�, diretora-executiva do Igarap�.
Concordo plenamente. Ali�s, acho inacredit�vel que ainda n�o tenha um lugar destacado na agenda das autoridades e da pr�pria sociedade.
Os n�meros s�o eloquentes, gritantes at�: a Am�rica Latina concentra apenas 8% da popula��o mundial, mas nela s�o cometidos 38% dos homic�dios registrados no planeta.
S�o 144 mil assassinatos por ano na regi�o, 60 mil deles no Brasil.
A campanha est� centrada em sete pa�ses latino-americanos, Brasil, Col�mbia, El Salvador, Guatemala, Honduras, M�xico e Venezuela, nos quais ocorrem 34% dos homic�dios registrados no mundo.
Ante tais evid�ncias, � inaceit�vel que os governos n�o tenham um elenco de iniciativas capazes de ao menos reduzir o mortic�nio. Talvez por isso, a sociedade tampouco se mobiliza. Ao contr�rio, parece aceitar a cat�strofe como se fosse um fen�meno natural, imposs�vel de ser contido ou, ao menos, reduzido.
� claro que n�o � f�cil atingir a meta a que se prop�e a campanha. Mas aceitar a dificuldade como desculpa para a ina��o � ser c�mplice de uma matan�a em massa.
Robert Muggah, pesquisador do Igarap�, lista alguns passos necess�rios, a saber:
1 - Os investimentos devem apoiar-se em dados, em evid�ncias. � recomend�vel a cria��o de um sistema digital de monitoramento do crime.
2 - Os recursos destinados ao policiamento e aos servi�os sociais, mesmo escassos, devem ser direcionados para pessoas, lugares e comportamentos de alto risco.
(Note-se que o pesquisador faz de policiamento e servi�os sociais um casal indissol�vel. H� quem diga que o fracasso das Unidades de Pol�cia Pacificadora no Rio de Janeiro, agora constatado, se deve ao fato de que a pol�cia foi �s comunidades, mas os servi�os sociais n�o foram).
3 - Uma forte coes�o social ou o que os soci�logos chamam de efic�cia coletiva, a habilidade dos membros da comunidade de controlar o comportamento de outros, especialmente en bairros inclinados � viol�ncia.
4 - Lideran�a. As autoridades nacionais e locais, a comunidade de neg�cios, as ONGs e as universidades devem apropriar-se do problema.
Para Muggah, a campanha se baseia no princ�pio de respeitar a vida e de fazer uso proporcional da for�a, assegurando um equil�brio entre medidas punitivas e preventivas, al�m de assegurar o m�ximo de participa��o da sociedade no processo.
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