Um punhado de leitores contestou, com razão, o rótulo de marxista que empreguei para o linguista Noam Chomsky na coluna postada na segunda-feira (17).
De fato, errei. Alguns leitores preferem defini-lo como anarquista, outros como socialista libertário. Na Wikipedia, fala-se até em "anarcocomunismo".
Errei no rótulo, mas não errei na essência da coluna : Chomsky é –o que ninguém nega– um dos maiores, talvez o maior, ícone da esquerda. E, ao criticar os governos de esquerda, inclusive o do PT, torna-se um raro intelectual a dizer que o rei está nu, até mesmo do ponto de vista ético.
Claro que há intelectuais de esquerda que já haviam feito críticas ao PT antes, mais profundas e agressivas até do que de Chomsky.
Penso, por exemplo, em Chico de Oliveira, mas não só.
O ponto principal, no entanto, é que os intelectuais que se acham de esquerda e são vinculados ao PT continuam em silêncio.
Até Luiz Inácio Lula da Silva aceitou implicitamente que as delações do pessoal da Odebrecht revelam fatos. Disse o seguinte em entrevista a uma rádio de Salvador, no dia 13 passado:
"Quando aparecem [nas delações] outros partidos que criminalizaram o PT, primeiro você tem um alívio. A máscara está caindo".
Quer dizer, quando a delação pega os outros, a máscara caiu, mas, quando pega o PT, é criminalização. Puro cinismo.
Até porque um dos grandes cardeais do partido, Jacques Wagner, já admitiu publicamente que o PT "se lambuzou".
E, no entanto, os intelectuais ligados ao PT ficam em um silêncio nada inocente.
É sempre bom repetir que ficam em silêncio também –ou até aplaudem– sobre o que seu ídolo Chomsky chamou de "situação realmente desastrosa" da Venezuela.
Até quando?
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