Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Maduro ensaia uma cambalhota diplomática à espera de Trump

Venezuelano faz cálculo de risco e pede novo começo com americano que chamava de 'cowboy racista'

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Brasília

Nicolás Maduro levou quase uma década para mudar de opinião sobre Donald Trump. Desde a primeira campanha do republicano, o ditador direcionou ao colega gentilezas como "doente mental" e "cowboy racista". Agora, o governo venezuelano fala em "diálogo, respeito e sensatez", com um "novo começo".

A volta de Trump levou Maduro a ensaiar uma cambalhota diplomática baseada num cálculo de risco e recompensa, que vai do medo de um presidente explosivo à chance de tirar proveito dessa imprevisibilidade.

Os primeiros sinais do futuro governo sugerem que Maduro opera mais próximo do medo. O escolhido para comandar a diplomacia americana, Marco Rubio, já disse que o regime venezuelano representa uma ameaça que poderia exigir uma solução militar. Também afirmou que a situação do país tem impacto direto sobre a imigração para os EUA.

Maduro parece buscar uma acrobacia para desafiar essa lógica. Trump, afinal, já exibiu uma doce simpatia por ditadores pelo mundo. Se foi capaz de piscar para Kim Jong-Un e Vladimir Putin, também poderia se sentar para bater um papo com Maduro.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante cerimônia em Caracas - Juan Barreto/AFP

Além disso, o futuro presidente americano está cercado por bilionários com muito apetite econômico e pouquíssimos pudores políticos. A Venezuela é um terreno particularmente atrativo para a indústria do petróleo, que doou US$ 75 milhões para comitês ligados à campanha de Trump e depende de um lobby pesado para contornar as sanções impostas pelos EUA ao regime chavista.

A situação é mais complicada além da fronteira venezuelana. A americana ExxonMobil tem contratos volumosos de exploração de petróleo em Essequibo, região que Maduro declarou anexada. As ameaças do ditador de invadir a Guiana talvez soem menos convincentes sob a vigilância de Trump, que já sonhou com uma ação militar na Venezuela.

O ex-assessor de segurança nacional John Bolton relatou que, no primeiro mandato, o republicano disse que seria "legal" invadir a Venezuela e que o país era "parte dos EUA". O auxiliar descreveu o presidente como "errático" e "surpreendentemente desinformado". Ninguém dirá que ele melhorou de lá para cá.

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