Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Polícia deveria investigar bunker golpista de Bolsonaro no Alvorada

Minuta encontrada com Torres não é único rastro de tramas para melar eleição

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Em sua despedida do poder, Jair Bolsonaro lamentou não ter conseguido apoio para dar um golpe e continuar no cargo. "Eu busquei dentro das quatro linhas se tinha alguma alternativa para isso aí, se a gente poderia questionar alguma coisa", relatou o presidente numa transmissão ao vivo, em 30 de dezembro.

Nos dois meses em que ficou encastelado após a derrota, Bolsonaro transformou o Palácio da Alvorada num bunker do golpismo. Na residência oficial, foi orquestrada a trama de seu partido, o PL, para tentar anular o resultado de quase 300 mil urnas eletrônicas.

A papelada descoberta no armário do ex-ministro Anderson Torres é mais que suficiente para ampliar as suspeitas de uma ação criminosa liderada por Bolsonaro para melar a eleição. Documentos e testemunhas podem revelar como o presidente agiu e quem foram os aliados que o auxiliaram nessa missão.

A Polícia Federal encontrou na casa de Torres, durante uma ação de busca e apreensão, uma proposta para decretar estado de defesa e permitir uma intervenção do governo Bolsonaro no TSE. A medida seria inconstitucional e jamais passaria pelo crivo do Congresso, como prevê a lei, mas mostra o tipo de maquinação que cercava o presidente.

Torres sabe que o texto pode ser encarado como prova inequívoca de uma conspiração —tanto é que o ex-ministro correu para tirar o papel de seu colo e ainda livrar o chefe. Ele afirmou que guardava em casa "uma pilha de documentos para descarte" e insinuou que recebeu a minuta de uma terceira pessoa.

A Polícia Federal poderá investigar a desculpa do ex-ministro. Ele também deve ter a oportunidade de explicar quem ofereceu o papel e que tipo de ordens Bolsonaro deu nesse período. Torres, afinal, era um dos frequentadores do Palácio da Alvorada nos meses finais de 2022.

O ex-ministro não é a única testemunha, e as três páginas da minuta não são o único rastro do que foi tratado enquanto Bolsonaro buscava "alguma alternativa para isso aí".

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