� cientista pol�tico e professor da USP, onde se formou em ci�ncias sociais e jornalismo. Foi porta-voz e secret�rio de Imprensa da Presid�ncia no governo Lula.
Escreve aos s�bados.
A irresponsabilidade sustenta Temer
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
Michel Temer durante evento do governo em Bras�lia |
Max Weber percebeu que, diferentemente de outras atividades humanas, a pol�tica tem compromisso essencial com o dia de amanh�. Por controlar um recurso �nico e definitivo —a viol�ncia—, aquele que det�m as r�deas do Estado precisa pensar sempre, com profundo sentido de responsabilidade, na consequ�ncia efetiva de suas a��es.
O problema � que os partidos e lideran�as que constru�mos desde a redemocratiza��o s� est�o conseguindo fazer c�lculos pequenos. Olham apenas os interesses particulares, sem oferecer dire��o maior � sociedade. N�o � de estranhar que estejamos todos batendo cabe�a, sem rumo.
A nota divulgada por Fernando Henrique Cardoso na �ltima quarta-feira tem ao menos a vantagem de apontar o fato. Nela, o ex-presidente, inegavelmente uma das vozes mais ouvidas do pa�s, reconhece que "no calor dos embates di�rios e de declara��es dadas �s pressas" tem sido pouco claro e hesitante.
Ora afirma que antecipar o pleito direto � golpe, depois assinala que chamar elei��es gerais pode ser gesto de grandeza por parte de quem est� agora na cadeira presidencial. Chegou a afirmar, no meio da semana, que "se tudo continuar como est� [...] n�o vejo como o PSDB possa continuar no governo". Mas ontem, em entrevista publicada pelo "Estado de S. Paulo", evitou condenar a decis�o da Executiva peessedebista que, segunda passada, escolheu permanecer com Michel Temer.
A decis�o dos tucanos parece corresponder apenas ao desejo de agora enfraquecer o Partido da Justi�a que tantos servi�os lhes prestou para dinamitar o PT e impedir Dilma Rousseff. Pego na mesma opera��o Friboi que incriminou Temer, o ainda presidente afastado dos tucanos, A�cio Neves, teria influenciado a dire��o partid�ria. Como se sabe, a ele conv�m derrotar o procurador-geral Rodrigo Janot na luta que este trava contra a m�quina do Executivo federal.
At� as pedras reconhecem que o neto de Tancredo tem um �nico e espec�fico objetivo na empreitada: salvar a pr�pria pele. Geraldo Alckmin, igualmente enrolado na Lava Jato, possui muito a ganhar se o �mpeto investigat�rio for quebrado neste momento. Al�m disso, abrir a possibilidade de uma elei��o imediata, quando Lula pode ser candidato, n�o conv�m aos sonhos presidenciais, ainda preservados, do governador paulista.
� verdade que outros atores presentes no cen�rio —ve�culos de comunica��o, l�deres do pr�prio Judici�rio, setores empresariais, segmentos de classe m�dia— v�m dando a sua contribui��o para manter no pal�cio um mandat�rio apanhado em flagrante. Mas n�o cabe a eles o poder de mando, o qual se concentra nos pol�ticos. A irresponsabilidade destes poder� ter consequ�ncias fatais.
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