Quando será que as empresas em operação no país vão finalmente perceber que atuar de acordo com parâmetros ambientais, sociais e de governança —o chamado ESG, do inglês "environmental, social and governance"—, focando também em ações antirracistas, é bom para os negócios?
Nesta semana teremos um vislumbre do nível de maturidade do tema em nossas corporações. Nos próximos dois dias (29 e 30), acionistas de grandes empresas, representantes do terceiro setor, investidores institucionais, CEOs e integrantes dos movimentos sociais negros debaterão o tema em São Paulo na 1ª Conferência Empresarial ESG Racial.
Indicadores e dados sobre as disparidades entre as situações vividas por negros e não negros no Brasil existem em abundância e são de esmaecer os ânimos de qualquer entusiasta das causas dos direitos humanos. Especialmente quando se tem conhecimento das desanimadoras estimativas para que pretos e pardos consigam ter acesso às mesmas oportunidades que os brancos no Brasil: quase 116 anos, segundo o Índice Folha de Equilíbrio Racial.
Resta saber o grau de disposição dos investidores para avançar em ações concretas que gerem impacto efetivo para mudar a situação a médio e longo prazo. Vale lembrar que a promoção da equidade racial é também economicamente oportuna diante do poder de consumo da população negra brasileira, estimado em R$ 1,7 trilhão.
Fato é que as iniciativas ainda são muito tímidas para um país de maioria negra (56% da população) que possui em seu parque industrial 23 corporações entre as maiores de capital aberto do mundo.
Dos milhares de grandes empresas em operação no Brasil, uma minoria executa e apoia iniciativas de promoção de equidade racial. Em geral, são motivadas pela percepção de que essa é uma forma de lapidar e reter talentos e de gerar impacto positivo na reputação. Pelo menos entenderam que o antirracismo também é um bom negócio.
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