Américo Martins

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Scotland Yard culpa redes sociais por aumento da violência em Londres

Para chefe da polícia londrina, crimes na cidade refletem brutalidade de comentários online

A Scotland Yard acredita ter identificado um dos principais fatores para o recente aumento da violência em Londres: as redes sociais.

Cressida Dick, a chefe da Metropolitan Police, unidade conhecida como Scotland Yard e responsável pelo patrulhamento da capital britânica, diz ter indícios de que a violência postada nas redes está transbordando para as ruas da cidade.

Segundo ela, usuários usam uma linguagem “incrivelmente violenta” na internet e isso acaba estimulando as pessoas a também adotarem ações violentas na vida real. Isso ocorreria com muito mais intensidade entre os grupos de jovens da cidade.

A chefe da Polícia Metropolitana londrina, Cressida Dick, em ato em homenagem a vítimas do ataque diante do Parlamento britânico
A chefe da Polícia Metropolitana londrina, Cressida Dick, em ato em homenagem a vítimas do ataque diante do Parlamento britânico - Alastair Grant/AFP

A chefe de polícia afirmou recentemente ao jornal britânico The Times que disputas absolutamente comuns nas redes sociais podem evoluir muito rapidamente para um confronto violento real.

Detetives da Scotland Yard teriam identificado postagens em algumas redes sociais que foram a origem de brigas entre grupos de jovens e assassinatos.

Talvez essa seja mesmo uma explicação possível para o aumento na violência, mas não parece ser suficiente para explicar completamente o número de pessoas assassinadas a facadas em Londres. Apenas este ano, 29 pessoas foram mortas desta forma na cidade —em sua maioria jovens. Uma vítima a cada três dias, em média.

Se a coisa continuar nesse ritmo, a metrópole vai bater facilmente o recorde de 80 assassinatos ocorridos no ano passado.

Os números são pequenos se comparados a qualquer grande capital do Brasil, onde o número de assassinatos passa de 60 mil casos por ano.

Mas são bem expressivos para uma cidade relativamente segura como Londres, onde quase todos os policiais patrulham as ruas desarmados. E num país onde existe um controle muito forte e efetivo sobre armas de fogo.

Os londrinos não estão em pânico, mas realmente querem entender as razões para esse aumento nos índices de violência.

Dick reconhece que outros fatores, como problemas socioeconômicos, também influem na criminalidade. Mas insiste na questão da internet.

Segundo ela, vídeos violentos postados na rede também levam a uma “normalização” dos crimes. E fez um apelo para que as grandes empresas de tecnologia controlem a postagem de tais vídeos com mais eficiência —uma coisa difícil de ser feita.

A opinião de Dick tem muito peso. Além das informações internas da polícia, ela também tem muita experiência liderando investigações e ações importantes da Scotland Yard numa longa carreira na polícia.

Em pelo menos um desses casos, no entanto, as coisas acabaram de forma trágica. Dick comandou a operação que culminou com a morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, em julho de 2005. Policiais armados confundiram o inocente eletricista com um suposto terrorista e o mataram na estação de metrô de Stockwell, no sul de Londres.

O caso revelou uma sucessão de erros da polícia, mas Dick conseguiu retomar sua carreira e no início do ano passado entrou para a história como a primeira mulher a chefiar a força policial mais importante do Reino Unido.

Agora ela tem como sua principal missão conter a onda de violência de forma efetiva na capital.

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