Ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC, �
doutor em economia pela Universidade da Calif�rnia.
Escreve �s quartas, semanalmente.
Alta do d�lar � a ficha caindo de que a situa��o fiscal � bem delicada
Ricardo Moraes - 10.set.2015/Reuters | ||
Notas de real e d�lar em casa de c�mbio no Rio de Janeiro |
Nos �ltimos 12 meses, o pa�s acumulou um saldo comercial recorde, US$ 68 bilh�es. O aumento do resultado comercial tem sido o principal fator (embora n�o o �nico) para a redu��o do deficit nas transa��es com o resto do mundo —que incluem, al�m da balan�a comercial, o resultado de servi�os, bem como o pagamento de juros e dividendos, entre outros— de US$ 104 bilh�es em 2014 para pouco menos de US$ 13 bilh�es nos 12 meses terminados em setembro deste ano.
� bem verdade que tanto em 2015 quanto em 2016 esse fen�meno resultou da forte queda das importa��es efeito colateral da maior recess�o da hist�ria recente do pa�s.
No entanto, o desempenho a partir de fim do ano passado apresenta natureza distinta: as exporta��es voltaram a crescer, de algo como US$ 186 bilh�es nos 12 meses terminados em junho de 2016 para quase US$ 216 bilh�es nos 12 meses at� outubro de 2017.
Da mesma forma, importa��es tamb�m ganharam f�lego, embora menor: sa�ram de um m�nimo de US$ 136 bilh�es em novembro do ano passado para US$ 148 bilh�es em outubro, isso, lembremos, em contexto de melhora, ainda que discreta, da atividade dom�stica.
A combina��o de um balan�o de pagamentos em melhor forma (mesmo com a atividade em alta) e infla��o em queda sugere que a taxa de c�mbio est� bem alinhada a seus fundamentos, apesar das reclama��es persistentes daqueles para quem o pre�o do d�lar est� sempre 30% abaixo de seu "valor justo" (perd�o, a express�o agora � "taxa de c�mbio de equil�brio industrial", embora o significado pr�tico seja exatamente o mesmo, isto �, nada).
Posto de outra forma, considerada a atual constela��o de pre�os de commodities, crescimento do com�rcio global e condi��es de liquidez internacional, a sempre t�o criticada taxa de c�mbio n�o � um obst�culo � recupera��o, muito pelo contr�rio.
De fato, no caso da ind�stria automobil�stica, por exemplo, o aumento das exporta��es l�quidas tem sido o principal fator de impulso � produ��o dom�stica. J� no que se refere � ind�stria como um todo, h� tamb�m indica��es de que maiores exporta��es de manufaturas t�m desempenhado papel relevante na recupera��o do setor, 4% de alta desde outubro de 2016.
A desvaloriza��o recente da moeda nacional, ainda modesta, reflete mais a percep��o (correta, a prop�sito) de que, depois de um bom in�cio, o �mpeto reformista do governo Temer vem perdendo momento.
Talvez n�o por acaso, o d�lar come�a a se aproximar do valor registrado no momento de eclos�o do esc�ndalo da JBS, quando, ao que parece, houve o entendimento de que reformas do porte da previdenci�ria estavam fora do alcance da atual administra��o.
Aos poucos vai caindo a ficha de que a situa��o fiscal � muito mais delicada do que se sup�e. A falsa sensa��o de calma s� torna ainda mais remota a tomada de a��es corretivas e � o que mais me deixa preocupado com nosso futuro imediato.
*
Tenho a honra e o prazer de conhecer William Waack e acredito que a coluna de Dem�trio Magnoli de s�bado (11) � a melhor an�lise desse epis�dio lament�vel.
A frase �, de fato, abomin�vel, mas tenho certeza de que William est� longe de ser racista e certeza ainda maior da hipocrisia de v�rios de seus cr�ticos, que, em face de manifesta��es semelhantes, se calaram por raz�es de conveni�ncia pol�tico-partid�ria.
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade