Ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC, �
doutor em economia pela Universidade da Calif�rnia.
Escreve �s quartas, semanalmente.
Reina��es de Narizinho
Pedro Fran�a - 27.fev.2014/Ag�ncia Senado | ||
Ex-ministra da Casa Civil, a senadora Gleisi Hoffmann discursa no plen�rio |
A senadora Gleisi Hoffman nos brindou com a seguinte p�rola : "A atividade econ�mica est� no ch�o; como � que vai ter infla��o?". Fosse eu m�dico (para alegria de dona Gilda, que, como boa m�e judia, ainda n�o se conformou com minha escolha de carreira) certamente receitaria as p�lulas do dr. Caramujo para a mem�ria da senadora.
Basta lembrar que em 2015 a infla��o chegou a 10,7%, enquanto o PIB encolheu 3,8%. Mesmo se desconsiderarmos os efeitos dos pre�os de alimentos e dos pre�os administrados (que subiram muito naquele ano para compensar o desastrado congelamento de anos anteriores), a infla��o teria atingido quase 8%.
J� nos 12 meses terminados no segundo trimestre do ano passado, ainda no governo Dilma Rousseff, o PIB caiu 4,8%, o pior resultado da hist�ria, com a infla��o perto de 9% (ou 7%, se expurgados alimentos e pre�os administrados).
� verdade que o desemprego hoje � 1,5 ponto percentual mais alto do que em meados do ano passado, mas j� alcan�ara 11% naquele momento, ante 6,5% no come�o de 2014, ou seja, o mercado de trabalho j� havia sucumbido � recess�o iniciada dois anos antes.
Posto de outra forma, a experi�ncia da senadora, ent�o ministra, deveria t�-la ensinado que "atividade econ�mica no ch�o" n�o basta para domar o processo inflacion�rio. Se infla��o dependesse apenas da atividade, o governo Dilma poderia se gabar de ter produzido a menor infla��o da hist�ria.
Como sabemos, n�o foi o caso.
Quem acompanha o comportamento dos pre�os nota que a inflex�o se deu no �ltimo trimestre de 2016, quando o IPCA, medido em 12 meses, cedeu mais de dois pontos percentuais, bem mais do que vinha caindo em trimestres anteriores (em torno de meio ponto percentual por trimestre), fen�meno similar ao observado no caso da infla��o sem alimentos e pre�os administrados, e que persiste ao longo de 2017.
� parte o choque favor�vel dos pre�os agr�colas, que trouxe a infla��o de alimentos para terreno negativo (mas que, por defini��o, n�o teve impacto direto na infla��o ex-alimentos e administrados), dois fatores desempenharam papel central na quebra da espinha dorsal da infla��o.
Por um lado a atitude do BC. � bom lembrar que, � �poca, n�o faltou quem afirmasse que a meta de 4,5% para 2017 era inexequ�vel, sugerindo que a nova diretoria adotasse uma "meta ajustada". A rejei��o desta proposta indicou que a institui��o se comportaria de maneira oposta � sua conduta sob Alexandre Pombini, cuja sujei��o ao Executivo, mais do que evidente, era escandalosa. A firmeza do BC ajudou a consolidar a queda das expectativas de infla��o.
Por outro lado, medidas como a cria��o do teto constitucional para os gastos federais sinalizaram uma trajet�ria de ajuste das contas p�blicas, ainda que gradual e sujeita a v�rios acidentes de percurso.
Para ser sincero, permane�o c�tico quanto � manuten��o do teto sem medidas adicionais, mas o consenso que se formou indica que a maioria do mercado d� � atual administra��o o benef�cio da d�vida, mesmo se boa parte da tarefa for legada ao pr�ximo governo.
O desemprego elevado s� trouxe a infla��o para baixo porque medidas corretas de pol�tica econ�mica foram adotadas. Quem acha que recess�o resolve sozinha o problema deveria aprender com a Venezuela, mas n�o aplaudi-la, como fazem a senadora e seu partido.
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