Gastei uma nota preta para ir a Copenhague em julho —eita cidade cara! Investi porque sonhava em jantar no novo Noma.
O restaurante do chef René Redzepi, que reabriu em fevereiro em novo endereço e completamente transformado, está entre os mais premiados e influentes do mundo.
As pessoas se estapeiam, quase, na briga por uma mesa. Uma reserva chega a ser um troféu para alguns.
Desde que jantei lá, muita gente já me perguntou se valeu a pena e se o Noma é tudo aquilo que dizem. Difícil responder…
Eu mesma me pergunto isso, não só ao jantar no Noma, mas toda vez que pago caro para provar um menu-degustação.
Estaria mentindo se dissesse que todos os pratos estavam deliciosos. Muitos estavam —mas desgostei de pelo menos cinco dos 22 servidos.
A flor frita servida com um molho grosso à base de gema e uísque era de matar de boa. O ovo de codorna defumado coberto com um falso chorizo feito de ameixa?
Poderia ter comido uma dúzia feliz da vida. Um certo molho de trufa que chegou à mesa em uma jarrinha, devorei como se tivesse passado dias de jejum.
Mas, no meio daquelas delícias, havia estranhezas como uns envelopinhos de pele de leite e aspargos servidos com várias espécies de pinhão que tinham gosto de pinheiro, como era de se esperar.
O serviço era simpático, mas velocíssimo. Mesmo estando lá sozinha, mal dava conta de ouvir tantas longas explicações e tentar compreender tantos pratinhos servidos em rápida sucessão.
Fiquei três horas à mesa, mas o tempo passou voando!
Ri sozinha observando o espanto dos clientes ao meu redor quando chegavam pratos surpreendentes.
Emocionei-me em momentos de êxtase gastronômico —o shawarma vegetariano, por exemplo, era divino.
Adorei a linda vista para uma lagoa com margens verdejantes que tinha, ao fundo, uma planta de processamento de lixo (também linda e com pista de esqui na cobertura!).
Diverti-me no lounge, onde o restaurante serve café e a saideira. Senti a energia do entusiasmo febril de todos os funcionários.
Até me comovi com a acolhida mais que calorosa. Nadine, a mulher de Redzepi, recebe os clientes na entrada do vasto jardim e caminha com eles até o restaurante, onde a equipe inteira vai até a porta dar as boas-vindas em uníssono.
Por essas e outras, digo sem titubear: ir ao novo Noma valeu cada euro.
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