![alexandra forbes](http://f.i.uol.com.br/fotografia/2015/05/20/513448-115x150-1.jpeg)
� jornalista gastron�mica, 'foodtrotter' e autora de 'Jantares de Mesa e Cama'. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.
No 50 Best, o marketing importa
N�o havia nenhum chef brasileiro na plateia na cerim�nia nesta segunda-feira (13), em Nova York, da mais importante premia��o do mundo gastron�mico, em que se anunciou o ranking dos 50 melhores restaurantes do mundo (publicado anualmente pela revista inglesa "Restaurant").
A Osteria Francescana, restaurante em Modena, na It�lia, conquistou o primeiro lugar. O D.O.M., de S�o Paulo, foi o �nico brasileiro a classificar-se entre os 50. Ficou em 11�, caindo duas posi��es desde o ano passado. Alex Atala, o chef-propriet�rio, n�o compareceu � premia��o.
O Man�, tamb�m de S�o Paulo, que havia galgado at� a 36� posi��o em 2014 e ca�do para a 41� em 2015, este ano n�o conseguiu manter-se entre os 50.
O ranking, baseado nos votos de mais de 700 jornalistas, gourmands, restaurateurs e chefs, sempre gera pol�mica. Os organizadores t�m muitos patrocinadores e apoiadores que em alguns casos influenciam os resultados. �rg�os de promo��o de pa�ses como M�xico e Austr�lia pagam para serem anfitri�es de cerim�nias de premia��o e investem pesado em marketing. Pagam viagens para jornalistas e convidam-nos a comerem em seus melhores restaurantes, melhorando as chances de colocarem-se bem na lista.
Chefs reclamam do qu�o injusto � o ranking, e do lobby que fazem alguns para ganharem votos, mas por outro lado admitem que uma boa coloca��o faz bem ao neg�cio.
O Lasai, no Rio, ficou na 64� posi��o neste ano (embora s� anunciem os primeiros 50 na cerim�nia o ranking publicado on-line vai de 1 a 100). Em seguida ao an�ncio, os pedidos de reserva por e-mail, de estrangeiros, dobraram. A procura por mesas aumentou cerca de 30%. "Quem diz que essa lista perdeu for�a � porque n�o conseguiu se incluir nela", diz Costa e Silva.
Em se tratando dos dez primeiros colocados, o efeito � redobrado. O espanhol El Celler de Can Roca, por exemplo, segundo colocado neste ano, tem uma lista de espera com milhares de nomes. Conseguir uma mesa l� requer meses ou at� mais de ano de espera.
O Noma, atual n�mero cinco, na primeira vez que ficou em primeiro lugar na lista, em 2010, foi bombardeado por tantos internautas e pedidos de reserva que seu servidor caiu. O efeito 50 Best � avassalador, e estar entre os dez primeiros significa casa cheia e mais dinheiro em caixa.
Apesar de suas imperfei��es, o 50 Best segue sendo o mais importante pr�mio do mundo gastron�mico, �nico que consegue reunir em sua cerim�nia de premia��o uma constela��o de chefs estrelados vindos de toda parte. Infelizmente, o Brasil est� entre os lanterninhas. Atala, �nico de nossos chefs cujo restaurante sempre se sai muito bem, deixou de ir ao evento h� dois anos e vem caindo no ranking. Seus conterr�neos raramente figuram entre os 50.
Ser� que � a cozinha dos chefs brasileiros que est� aqu�m da dos estrangeiros e explica a m� performance? Sim, em parte.
Mas o que faz a diferen�a, mais do que o n�vel do que est� no prato, � bom marketing. O pa�s que investe na promo��o de sua gastronomia logo tem o retorno. Seus restaurantes saem-se melhor no ranking e com isso constr�i-se uma imagem de destino gastron�mico.
A p�fia performance brasileira no novo ranking dos 50 Melhores � consequ�ncia de n�o haver qualquer esfor�o governamental de promo��o de nossos chefs mais renomados no exterior ou entre jornalistas especializados. Perdemos porque o 50 Best, como tantos rankings, n�o � pura meritocracia. Ganha quem, al�m de cozinhar bem, se exibe mais e melhor.
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