![alexandra forbes](http://f.i.uol.com.br/fotografia/2015/05/20/513448-115x150-1.jpeg)
� jornalista gastron�mica, 'foodtrotter' e autora de 'Jantares de Mesa e Cama'. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.
Um ranking envolto em controv�rsia
� forte, como sempre, o burburinho nestes dias precedendo o an�ncio do ranking anual dos 50 melhores restaurantes do mundo segundo a revista inglesa "Restaurant". A cerim�nia de premia��o acontecer� na segunda-feira (1�) em Londres, e os organizadores e patrocinadores vem alimentando esse falat�rio com posts nas m�dias sociais.
O ranking, sempre bastante criticado e pol�mico, continua tendo um poder enorme. Faz e destr�i restaurantes. Por isso tantos chefs importantes viajam a Londres para a noite do pr�mio –com direito a cenografia de Grammys e red carpet– pagando dos pr�prios bolsos: temem ofender os chefes do j�ri.
At� hoje a maioria das cr�ticas ao 50 Best –considerado injusto por muita gente– atinha-se a conversas privadas. Poucos chefs –entre eles o argentino Francis Mallmann– atreviam-se a dizer o que achavam. Em carta ao "The New York Times", escreveu: "Observo sentimentos contr�rios em tantos de meus colegas que est�o t�o preocupados com os pr�mios que passam o ano fazendo lobby perante o eleitorado, pulando de confer�ncia em confer�ncia, desperdi�ando tempo valioso e distanciando-se dos reais valores que fazem um restaurante".
Neste ano um ataque mais forte veio a tona. A blogueira Marie Eatsider, a documentarista Hind Meddeb e a RP Zo� Reyners, lan�aram o Occupy 50 Best, um site contendo um abaixo-assinado pedindo que os patrocinadores retirem seu apoio ao pr�mio. "Um ranking que desavergonhadamente mistura parcialidade (os pa�ses parceiros, entre eles Peru e Cingapura, s�o particularmente sobrerepresentados), auto-promo��o (alguns chefs ranqueados tamb�m s�o membros do j�ri) e machismo (na lista de 2014 s� havia uma mulher entre os 50)", diz.
Entre as assinaturas colhidas est�o as de alguns dos maiores chefs da Fran�a, como os pluriestrelados Thierry Marx, Joel Robuchon e Georges Blanc. Os franceses, ali�s, sempre foram os mais ferozes cr�ticos dos crit�rios do ranking. Em 2014, os organizadores deram o pr�mio Lifetime Achievement a Alain Ducasse mas o chef, que estava em Londres, nem dignou-se a aparecer na festa. Guy Savoy e Alain Passard s�o outros dois gigantes que fazem oposi��o.
Neste ano, Alex Atala e o peruano Gaston Ac�rio n�o ir�o � cerim�nia –n�o por protesto mas porque j� n�o veem mais sua presen�a como imprescind�vel. No entanto, a maioria da elite da gastronomia mundial estar� l�, sorrindo e posando para os fot�grafos como se nada fosse, esperando ansiosamente a revela��o da lista na cerim�nia.
A pol�mica do Occupy 50 Best certamente ser� assunto entre os presentes, e tanto melhor. Embora discorde de muito do que diz a peti��o, por outro lado acho que j� era hora de se questionar publicamente os crit�rios usados e a independ�ncia dos jurados. Os organizadores do pr�mio manter�o uma postura "falem bem ou falem mal, mas falem de mim", mas, no fundo, sentir�o o golpe.
Se a imagem do ranking sair� arranhada desse embate? Depende de quantos chefs ter�o coragem de assinar a peti��o e assumirem ser da oposi��o. H� que ter colh�es para comprar essa briga...
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