![alexandra forbes](http://f.i.uol.com.br/fotografia/2015/05/20/513448-115x150-1.jpeg)
� jornalista gastron�mica, 'foodtrotter' e autora de 'Jantares de Mesa e Cama'. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.
Do lixo ao luxo
Hamb�rguer de baga�o de fruta. Cartilagem de arraia frita. Retalhos de massa com molho de f�gado de tamboril e cabe�as de peixe defumadas. A descri��o dos pratos servidos no WastED, um pop-up que ocupou em mar�o o restaurante Blue Hill, em Nova York, n�o d� �gua na boca –e de prop�sito!
Dan Barber, o chef-propriet�rio, quis chocar –e educar, da� o ED– ao criar um menu estrelando descartes. "Nossos gostos t�m que mudar", afirma ele, que denuncia as quantidades obscenas de comida desperdi�ada diariamente nos Estados Unidos.
O WastED foi not�cia em toda parte, inclusive no "New York Times", segundo o qual "133 bilh�es de libras de comida dispon�vel aos consumidores v�o para o lixo anualmente". Pete Wells, o cr�tico do jornal, adorou o jantar feito de restos. Admir�vel, considerando que ingredientes inclu�am legumes machu- cados, p�o adormecido, aparas de carne e folhas de cenoura.
Essa foi a mais audaz e divulgada iniciativa antidesperd�cio no mundo gastron�mico at� hoje. Ser� sucedida por outra de propor��o ainda maior: um pop-up do famoso chef italiano Massimo Bottura que servir� para pobres e estudantes pratos feitos de descarte, durante a Expo de Mil�o.
Mas h� outros cozinheiros trilhando esse caminho em menores medidas. Alguns fazem composto de seus restos org�nicos, como Matt Orlando, do Amass, em Copenhague. E muitos andam introduzindo peles e ossos de bichos, caules e cascas em receitas.
A sobremesa que mais reaparece no meu feed do Instagram � do Cosme, badalado restaurante mexicano em Nova York: musse de milho com merengue de casca de milho. O espanhol Joan Roca faz consomm� de cascas de cebola. Peles de peixe andam aparecendo em v�rios menus, inclusive fritas e parecendo torresmo.
Mas h� que se convir que � mera gota no oceano. Palmas aos chefs, e que o recado seja ouvido em alto e bom tom. Mas s� quando hospitais, refeit�rios, pris�es, escolas etc. seguirem seu exemplo a mar� do desperd�cio tem chance de virar.
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