� senador pelo PSDB-MG. Foi candidato � Presid�ncia em 2014 e governador de Minas entre 2003 e 2010. � formado em economia pela PUC-MG.
Muito al�m de uma celebra��o passageira
Ricardo Borges/Folhapress | ||
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Foli�es no Cord�o da Bola Preta, no centro do Rio, na manh� de s�bado (25) |
� uma festa bonita de ver. De Norte ao Sul do pa�s, nas ruas e pra�as das grandes capitais ou no interior, os brasileiros se entregam ao carnaval com uma paix�o contagiante. N�o importa se vestido como um rei para desfilar na avenida ou coberto de roupas velhas e muita purpurina em um bloco no fundo do quintal, o foli�o brasileiro � a imagem da alegria que encanta turistas do mundo todo. A maior e mais democr�tica festa popular do pa�s, no entanto, vai muito al�m da celebra��o passageira que se esvai na quarta-feira de cinzas. Falar de Carnaval � falar de inclus�o.
Nos �ltimos anos, em especial, cidades que eram muito esvaziadas pela popula��o local nesse per�odo do ano, como Belo Horizonte e S�o Paulo, est�o construindo uma realidade totalmente diversa, com o carnaval ganhando um protagonismo in�dito. S�o centenas de blocos e milh�es de pessoas nas ruas. O not�vel nesse fen�meno � que ele � basicamente movido pela organiza��o popular, especialmente dos jovens. S�o eles que est�o moldando esse novo experimento urbano e, ouso dizer, tamb�m pol�tico.
A for�a do carnaval de rua vem do trabalho volunt�rio. Os batuqueiros compram seus pr�prios instrumentos, cada participante escolhe sua fantasia, os ensaios s�o realizados em pra�as ou em locais alugados via financiamento coletivo, os regentes de baterias ensinam gratuitamente, os repert�rios s�o decididos em conjunto e as redes sociais s�o usadas intensamente para mobilizar e organizar os encontros. Ao contr�rio das escolas de samba, onde vigora um planejamento rigoroso e uma hierarquia de comando sem a qual nada funciona, os blocos de rua s�o realiza��es ricas em espontaneidade, esp�rito de grupo e voluntarismo.
O resultado � uma explos�o de diversidade –cultural, racial, sexual e social. Todas as tribos cabem nos blocos. Negros e brancos, heteros e LGBTs, idosos, jovens e crian�as, moradores de periferia e da zona sul, profissionais do sexo e religiosos de v�rias cren�as, ricos e pobres, a rua � de todos. Lado a lado, em conviv�ncia harmoniosa, cantando as mesmas marchinhas durante horas. Bem distante do estere�tipo de aliena��o que j� acompanhou a folia momesca, o que temos aqui � uma verdadeira aula de cidadania e de inclus�o social.
� nos jovens que enxergo o desejo de se apropriar do espa�o p�blico com bom humor e consci�ncia cr�tica. Nos �ltimos anos, eles vieram para as ruas protestar e de l� n�o sa�ram. Muitos dos blocos de hoje est�o cheios de irrever�ncia e de ativismo.
A juventude, l� e c�, veio para ficar. S�o vozes que precisamos ouvir e que certamente continuar�o ecoando, mesmo depois de guardados os tamborins, as cu�cas e os restos de fantasia.
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