� senador pelo PSDB-MG. Foi candidato � Presid�ncia em 2014 e governador de Minas entre 2003 e 2010. � formado em economia pela PUC-MG.
A utopia amea�ada
N�o � o fim do mundo, mas � um mundo pior.
A decis�o dos brit�nicos de retirar o Reino Unido da Uni�o Europeia acende luzes de emerg�ncia sobre o modelo que se projetava a partir de uma Europa unificada.
Muita coisa est� em jogo. N�o s�o apenas consequ�ncias econ�micas, com repercuss�o na economia global. H� impactos pol�ticos, sociais e culturais de enorme relev�ncia.
O rompimento brit�nico � o mais contundente golpe j� desferido contra o sonho civilizat�rio que levou �quela alian�a no p�s-guerra. Um sonho que reuniu pa�ses com s�culos de rivalidade em torno da ideia de um mundo sem fronteiras, democracias em di�logo permanente e na��es atentas �s quest�es da desigualdade regional.
No contexto global, pa�ses mais pobres como Portugal, Espanha e Irlanda, entre outros, se beneficiaram com pol�ticas de financiamento de pa�ses mais ricos.
A constru��o desse arcabou�o institucional apresentou fissuras que se aprofundaram nos �ltimos dez anos. �s grandes metr�poles ricas, multiculturais e educadas, como Londres, se contrapunham as periferias abandonadas e popula��es marginalizadas, sem emprego e sem amparo social. Um ambiente prop�cio para a emerg�ncia de discursos nacionalistas, populistas e xen�fobos. N�o � toa, os temas da imigra��o e da representa��o pol�tica dominaram a discuss�o sobre o referendo.
Na base ideol�gica de partidos extremistas que crescem na Europa ou na prega��o de intoler�ncia e racismo do candidato republicano nos EUA h� uma n�tida disposi��o para se apontar "inimigos". Esse � o ingrediente que alimenta o �dio contra os "estrangeiros" e as minorias, a quem se quer fechar as portas e, se poss�vel, destituir direitos b�sicos.
A outra ponta que sustenta o discurso autorit�rio � a descren�a na representa��o pol�tica tradicional. A ret�rica demag�gica quer fazer crer que a vontade popular se faz nas ruas, no voluntarismo e na for�a das massas, em contraste �s inst�ncias moderadoras pr�prias de uma rep�blica democr�tica representativa. Como se mudan�as pudessem ser feitas no grito e at� com viol�ncia, em vez de passar pelo crivo do debate parlamentar.
� pr�prio do discurso totalit�rio -como bem vemos aqui mesmo, no Brasil- promover desgaste de partidos e institui��es tradicionais. Compactuar com isso � negar o valor intr�nseco da pol�tica como territ�rio leg�timo para embate de ideias e de interesses da sociedade.
O sonho da uni�o europeia, agora fraturado, � algo que diz respeito a todos n�s. O que est� em jogo, na Europa ou em qualquer lugar no planeta, � a cren�a nas ideias civilizat�rias. A utopia de um mundo progressista, mais igualit�rio e mais fraterno, que deve sempre prevalecer.
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