� senador pelo PSDB-MG. Foi candidato � Presid�ncia em 2014 e governador de Minas entre 2003 e 2010. � formado em economia pela PUC-MG.
A vida sem come�o
"Eu tinha tantos planos para ele." O desalento de um pai, na semana passada, ao ser informado de que seu filho rec�m-nascido era portador de microcefalia traduz o sofrimento das fam�lias j� afetadas pela epidemia do v�rus zika que, tendo o Brasil como epicentro, amedronta o mundo. Quem mant�m viva no cora��o a mem�ria do instante do nascimento dos pr�prios filhos, pode avaliar bem o tamanho da dor.
J� s�o mais de 4 mil casos suspeitos. A perspectiva � muito pior. Milhares de brasileiros sem autonomia, inteiramente dependentes, para sempre, da aten��o familiar e da prote��o do poder p�blico. � uma tristeza sem fim. Chegamos a esse ponto por descuido e incompet�ncia. N�meros como esses n�o nascem do acaso. Nascem do descaso.
O v�rus zika sem controle retrata o fracasso das pol�ticas p�blicas de sa�de. A��es do governo s�o fundamentais, mas seria ing�nuo supor que, nesse est�gio, seriam suficientes para debelar a epidemia. Essa luta exige comprometimento efetivo de toda a na��o.
Precisamos de uma grande mobiliza��o que envolva, al�m do Poder Executivo em todas as esferas, empresas, institui��es de pesquisa, escolas, universidades, igrejas, For�as Armadas, al�m da sociedade civil. Muitas vezes incorremos no Brasil em uma distor��o do conceito do que � responsabilidade p�blica: se � p�blica, parece ser de ningu�m quando, na verdade, � de todos. Temos, nesse desafio, uma responsabilidade coletiva.
O Congresso tamb�m precisa dar a sua contribui��o. Se o governo falhou ao n�o prevenir a trag�dia, que possamos somar for�as no seu enfrentamento. Precisamos implementar a��es objetivas de apoio �s fam�lias v�timas da microcefalia e debater, com urg�ncia, medidas efetivas que v�o desde a amplia��o do prazo de licen�a maternidade, ao suporte financeiro e ao apoio �s institui��es que podem ajudar essas crian�as e seus respons�veis diretos a constru�rem a nova vida familiar.
N�o podemos permitir que essas crian�as sejam relegadas � sombra da omiss�o do poder p�blico, quando deixarem de ser manchete de jornal. O debate deve ultrapassar a fronteira da generalidade e alcan�ar a dimens�o concreta da realidade. N�meros aterrorizantes de estat�sticas precisam ganhar rostos e nomes.
Precisamos ter coragem de enfrentar perguntas dif�ceis. Onde esses pequenos brasileiros v�o se tratar? Onde fam�lias de baixa renda encontrar�o recursos e apoio para rotinas que ser�o marcadas por tantas dificuldades?
Milhares de crian�as ser�o para sempre o retrato da incompet�ncia do governo. Que possam ser acolhidas e se transformar tamb�m no testemunho da dimens�o da solidariedade brasileira. Como pais e como pa�s, devemos isso a cada uma delas.
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