� senador pelo PSDB-MG. Foi candidato � Presid�ncia em 2014 e governador de Minas entre 2003 e 2010. � formado em economia pela PUC-MG.
Intoler�ncia e omiss�o
Na �ltima quinta-feira (18) estive na Venezuela, na companhia de outros sete senadores, em visita de car�ter oficial para levar solidariedade aos presos pol�ticos do regime de Nicol�s Maduro. Quer�amos visitar o l�der oposicionista Leopoldo L�pez, no pres�dio desde fevereiro de 2014, e Antonio Ledezma, prefeito metropolitano de Caracas, mantido em pris�o domiciliar.
N�o conseguimos ir muito al�m do aeroporto. A estrada de acesso a Caracas estava bloqueada. Nosso carro foi cercado e impedido de continuar. Hostilizados e sob amea�a de agress�o f�sica, apesar de outras tentativas, n�o conseguimos avan�ar.
Nossa viagem atendeu ao apelo feito pelas mulheres dos l�deres presos e se insere no conjunto de mobiliza��es e visitas de lideran�as de outros pa�ses que t�m ido � Venezuela levar apoio aos cidad�os perseguidos por discordarem do governo. N�o h� nada de original nesse esfor�o. Muitos devem se recordar da import�ncia de gestos de solidariedade internacional como esses, ocorridos em favor de presos pol�ticos brasileiros durante a ditadura implantada em 1964.
O que n�o nos deixaram ver na Venezuela nos d� uma ideia do que � viver hoje em condi��es de democracia amea�ada onde n�o h� lugar para vozes dissonantes, para o di�logo e o confronto leg�timo de opini�es. Onde a verdade pertence ao governo, como em velhos manuais aposentados pela hist�ria.
� inconceb�vel que ainda haja pa�ses onde os princ�pios inviol�veis s�o permanentemente colocados em risco. Onde h� pris�es, cassa��es, press�es de todo tipo para constranger e imobilizar as vozes contr�rias. Vozes que t�m direito de se expressar e de serem ouvidas.
� incompreens�vel o apoio da presidente Dilma –em fun��o da pr�pria biografia de ex-presa pol�tica– a um governo que tenta silenciar seus opositores pela for�a.
Quem cala consente. O sil�ncio do Brasil � constrangedor e imoral. Em pleno s�culo 21, � intoler�vel a exist�ncia de presos pol�ticos. N�o se transige com a liberdade. H� valores que, por sua for�a e significado, est�o acima de diferen�as partid�rias e pol�ticas. Temos o direito de viver com nossas opini�es e cren�as. E de n�o sofrer viol�ncia de qualquer esp�cie por pensar diferente do governo de plant�o.
Antes de ser pol�tica ou partid�ria, esta � uma causa humanit�ria. O tempo do vale-tudo, que justifica qualquer arbitrariedade em nome de um discurso pol�tico, precisa ser enterrado. A dignidade do homem deve sempre prevalecer sobre qualquer conveni�ncia pol�tica. � isso o que, surpreendentemente, o governo brasileiro ignora, mesmo tendo a presidente Dilma vivido e sentido pessoalmente o que a intoler�ncia � capaz de fazer.
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