Problemas em voo da Starliner ainda deixam Boeing distante de missões de rotina

Espaçonave sofreu quatro vazamentos de hélio e cinco propulsores a bordo ficaram inoperantes

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Joey Roulette
Washington

A espaçonave Starliner, da Boeing, concluiu uma etapa fundamental na última semana ao entregar dois astronautas à Estação Espacial Internacional (ISS). Mas problemas encontrados durante a jornada no espaço e outros obstáculos que estão por vir tornam o objetivo da gigante aerospacial de realizar missões de rotina uma perspectiva ainda distante.

A primeira acoplagem da cápsula tripulada à ISS, na última quinta (6), foi uma demonstração de segurança para dois públicos: a Nasa, que quer uma segunda espaçonave americana para viagens à órbita, e o mercado nascente de missões privadas de astronautas, hoje dominado pela SpaceX, de Elon Musk, e sua cápsula Crew Dragon.

Antes, porém, que a Boeing consiga reduzir o controle da SpaceX sobre voos espaciais humanos privados e governamentais, a Starliner ainda tem vários objetivos de testes para cumprir.

A imagem mostra a cápsula espacial da Boeing enquanto se aproxima da Estação Espacial Internacional contra o pano de fundo do espaço
Cápsula da Boeing antes de acoplar à ISS - Nasa TV/Boeing

"É um passo crítico porque, se eles não conseguirem transportar humanos ao espaço com sucesso e trazê-los de volta em segurança, então eles não provaram o que precisam para conduzir missões", disse Patricia Sanders, que, até fevereiro, era a presidente de longa data do Painel Consultivo de Segurança Aeroespacial da Nasa.

A tripulação —os astronautas veteranos e pilotos de testes Barry Eugene Wilmore e Sunita Williams— podem voltar à Terra ainda neste mês ou ficar na ISS até 45 dias, segundo autoridades da Nasa.

Durante a jornada de 24 horas da Starliner para chegar à estação especial, que orbita aproximadamente a 386 quilômetros de altitude, a espaçonave sofreu quatro vazamentos de hélio e cinco propulsores a bordo ficaram inoperantes, atrasando o acoplamento à ISS.

"A Starliner fez com que trabalhássemos um pouco mais para acoplá-la", disse o chefe de tripulação comercial da Nasa, Steve Stich, em uma entrevista coletiva na noite de quinta-feira (6).

No entanto, também houve conquistas, como Wilmore assumindo controle manual e testando a direção, a segurança geral da missão e o acoplamento autônomo da nave à estação. Ao longo dos próximos dias, a Starliner buscará mostrar que pode se desacoplar, fazer mais manobras e voltar em segurança à Terra.

De qualquer maneira, os vazamentos de hélio e as falhas de propulsores são uma preocupação chata, embora não representem perigo para os astronautas, ainda de acordo com autoridades da Nasa.

A Boeing encontrou um vazamento de hélio —utilizado para aumentar a pressão do propulsores— pela primeira vez quando a Starliner estava em solo no mês passado. Autoridades da Nasa o consideraram de baixo risco para o voo. Elas disseram que as falhas dos propulsores pareciam similares às que foram encontradas em um teste sem tripulação da Starliner para a ISS em 2022.

"Nós não entendemos direito por que elas estão acontecendo", afirmou Stich.

A Boeing havia afirmado que planeja reprojetar válvulas do sistema de propulsão da Starliner após a empresa e a Nasa identificarem uma falha em 2022. A empresa está recebendo US$ 5,5 milhões da Nasa para estudar a possibilidade de reprojetar as baterias da cápsula, conforme registros de contratos federais.

Ainda não está claro para as autoridades da Nasa se os problemas encontrados durante a primeira missão tripulada da Starliner justificarão um redesign. Nasa e Boeing devem passar meses revisando os dados da missão e examinando os problemas do voo para determinar se a cápsula pode ser certificada para voos de rotina.

"Não é um sucesso até eles retornarem em segurança e até nós entendermos as implicações das anomalias que ocorreram durante a missão", disse Sanders.

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