Auroras causadas por tempestade solar extrema chegam ao fim

Visível em diversos países no fim de semana, fenômeno gerou espetáculo de luzes no céu fenômeno

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Aurora registrada em Puntas Arenas, no Chile Claudio Monge/AFP

AFP

As espetaculares auroras polares vistas no céu em várias partes do mundo durante o fim de semana estão desaparecendo, conforme a enorme tempestade solar que as causou se afasta da Terra, indicaram cientistas nesta segunda-feira (13).

A partir de sexta (10), a tempestade solar mais poderosa a atingir nosso planeta em mais de duas décadas iluminou os céus à noite com cores impressionantes nos Estados Unidos, Tasmânia, Bahamas e outros lugares distantes das latitudes extremas onde normalmente são observadas.

Mas o astrofísico Eric Lagadec, do Observatório da Costa Azul da França, disse à AFP que o período "mais espetacular" desse raro fenômeno já chegou ao fim.

A primeira de diversas ejeções de massa coronal (CMEs, na sigla em inglês), liberadas por erupções solares, ocorreu na sexta (10), segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês), dos EUA.

As CMEs são nuvens de plasma, que têm campo magnético intenso e, quando interagem com o campo magnético da Terra, provocam tempestades geomagnéticas.

Ao contrário das partículas energéticas —também emitidas pelas erupções solares— que viajam com velocidades muito próximas à da luz, as CMEs viajam a um ritmo mais lento, de 800 km por segundo.

Inicialmente, esperava-se que o evento fosse classificado como G4 (severo), em uma escala que cinco níveis, que vai de G1 (menor) até G5 (extremo).

Ainda na sexta, a tempestade geomagnética foi considerada extrema, a primeira desde as "tempestades de Halloween" em outubro de 2003, que desencadearam apagões na Suécia e danificaram a infraestrutura elétrica na África do Sul.

Desta vez, por exemplo, a Starlink, braço de satélites da SpaceX, de Elon Musk, chegou a fazer um alerta sobre um "serviço degradado" como consequência da tempestade geomagnética. A empresa possui cerca de 60% dos cerca de 7.500 satélites que orbitam a Terra e é dominante na internet via satélite.

O entusiasmo com o fenômeno —e por fotos com céus noturnos rosas, verdes e roxos— foi grande em diversos lugares.

Houve o registro do fenômeno em locais como Canadá, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e Rússia. Nos EUA, a aurora pôde ser observada na região mais ao norte de estados como Califórnia e Alabama.

A tempestade também gerou espetáculos de luz deslumbrantes em partes da América Latina, incluindo uma rara aparição no México.

Em Mexicali, uma cidade desértica na fronteira norte do México a milhares de quilômetros das regiões árticas onde as luzes do norte são comuns, gradientes de rosa e roxo iluminaram o céu noturno.

No Chile, onde as luzes são conhecidas como aurora austral, a mídia local e usuários de redes sociais compartilharam fotos do céu na cidade de Punta Arenas pintado de vermelho e magenta.

A mídia local na Argentina relatou tons semelhantes iluminando o céu na cidade patagônica de Ushuaia.

Estava previsto que a tempestade se intensificaria de novo até as 3h de Brasília desta segunda (13), segundo a NOAA. Porém, milhares de pessoas que saíram no domingo à noite na esperança de presenciar a aurora boreal na Califórnia, viram, em vez disso, a Via Láctea.

Lagadec afirmou que, ainda que novas descargas solares tenham ocorrido no domingo, é pouco provável que mais auroras possam ser vistas a olho nu em latitudes mais baixas. Só fotógrafos mais experientes conseguirão capturá-las nessas áreas, de acordo com o astrofísico.

A tempestade solar teve origem em um enorme acúmulo de manchas solares que é 17 vezes mais largo que a Terra.

A tempestade não terminou, mas sua origem é uma mancha que agora está na beira do Sol e, segundo Lagade, não é esperado que as próximas ejeções de massa solar tenham como direção a Terra.

A maior tempestade solar já registrada é o "evento de Carrington", de 1859: destruiu a rede telegráfica nos Estados Unidos, provocou descargas elétricas e a aurora boreal foi visível em latitudes inéditas, até na América Central.

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