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As imagens da galáxia mais distante da Terra obtidas pela Nasa

Telescópio James Webb bateu seu próprio recorde ao detectar a galáxia mais distante já descoberta

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BBC News Brasil

O Telescópio Espacial James Webb (JWST, na sigla em inglês) bateu seu próprio recorde ao detectar a galáxia mais distante já descoberta.

O aglomerado de estrelas, chamado JADES-GS-z14-0, foi observado a meros 290 milhões de anos após o Big Bang.

Em outras palavras: se o Universo tem 13,8 bilhões de anos, isso significa que estamos observando a galáxia quando o cosmos tinha apenas 2% da sua idade atual.

Foto mostra o espaço extraterrestre. No canto direito da foto existe um quadro que mostra a imagem ampliada de um dos pontos luminosos. É possivel ver dentro dele uma fumaça avermelhada, que é a galaxia mais distante já registrada pela Nasa até o momento.
Esta é a imagem da galáxia mais distante já observada - AFP

Webb usou seu enorme espelho primário de 6,5 m de largura e instrumentos de observação em infravermelho supersensíveis para fazer a descoberta.

A recordista anterior do telescópio era uma galáxia observada a 325 milhões de anos após o Big Bang.

Os astrônomos dizem que o aspecto mais interessante da observação mais recente não é tanto a grande distância envolvida, por mais incrível que seja, mas, sim, o tamanho e o brilho de JADES-GS-z14-0.

Pela medição do Webb, a galáxia tem mais de 1.600 anos-luz de diâmetro. Muitas das galáxias mais luminosas geram a maior parte da sua luz por meio do gás que cai num buraco negro supermassivo. Mas a dimensão de JADES-GS-z14-0 indica que esta não é a explicação neste caso. Em vez disso, os pesquisadores acreditam que a luz está sendo produzida por estrelas jovens.

"Esta quantidade de luz estelar sugere que a galáxia tem várias centenas de milhões de vezes a massa do Sol! Isso levanta a questão: como pode a natureza criar uma galáxia tão brilhante, massiva e grande em menos de 300 milhões de anos?", afirmaram os astrônomos Stefano Carniani e Kevin Hainline, do telescópio James Webb.

Carniani é vinculado à Scuola Normale Superiore em Pisa, na Itália, e Hainline é da Universidade do Arizona em Tucson, nos EUA.

Esquema mostra como funciona telescópio James Webb
Como James é Capaz de ver o passado - BBC

O Telescópio Espacial James Webb, que custou US$ 10 bilhões, foi lançado em 2021 como um empreendimento conjunto das agências espaciais dos EUA, da Europa e do Canadá.

Ele foi projetado especificamente para ver mais longe no cosmos, e mais atrás no tempo, do que qualquer ferramenta astronômica anterior.

Um dos seus principais objetivos era encontrar as primeiras estrelas que se acenderam nos primórdios do Universo.

Esses objetos gigantes, talvez com centenas de vezes a massa do nosso Sol, eram feitos apenas de hidrogênio e hélio.

Acredita-se que tenham tido vidas brilhantes, mas breves, formando em seus núcleos os elementos químicos mais pesados conhecidos hoje na natureza.

Na galáxia JADES-GS-z14-0, o telescópio Webb pode ver uma quantidade significativa de oxigênio, o que indica aos pesquisadores que a galáxia já está bastante madura.

"A presença de oxigénio tão cedo na vida desta galáxia é uma surpresa, e sugere que várias gerações de estrelas muito massivas já tinham vivido suas vidas antes de observarmos a galáxia", acrescentaram Carniani e Hainline.

O acrônimo em inglês "JADES" no nome do objeto significa "Pesquisa Extragaláctica Profunda Avançada do JWST". É um dos vários programas de observação que utilizam o telescópio para espiar as primeiras centenas de milhões de anos do cosmos.

Já "z14" se refere a "Redshift 14", que pode ser traduzido como "desvio para o vermelho", termo que os astrônomos usam para descrever distâncias.

É essencialmente uma medida de como a luz proveniente de uma galáxia distante foi esticada para comprimentos de onda mais longos pela expansão do Universo.

Quanto maior a distância, maior será o alongamento. A luz das primeiras galáxias se estende de comprimentos de onda ultravioletas e visíveis até o infravermelho, a parte do espectro eletromagnético para a qual os espelhos e instrumentos do James Webb foram especificamente projetados.

"Poderíamos ter detectado esta galáxia mesmo que seu brilho fosse 10 vezes mais fraco, o que significa que poderíamos ver outros exemplos ainda mais cedo no Universo, provavelmente nos primeiros 200 milhões de anos", disse Brant Robertson, professor da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, nos EUA.

A descoberta e suas implicações foram descritas em vários artigos acadêmicos publicados na plataforma arXiv (onde ficam disponíveis estudos ainda sem revisão dos pares).

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