Descrição de chapéu Todas dinossauro Argentina

No Dia do Paleontólogo, conheça 8 mulheres que fizeram história no estudo dos fósseis

Pesquisadoras superaram barreiras e se destacaram em um ambiente tipicamente masculino

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São Paulo

Em comemoração ao dia 7 de março, Dia do Paleontólogo, conheça oito mulheres paleontólogas que fizeram —algumas delas ainda fazem— história no estudo dos fósseis. Entre elas estão Mary Anning, Mary Buckland e Joan Wiffen.

A paleontologia é uma área da ciência que estuda os organismos (plantas, animais) que viveram no passado através dos seus vestígios, que podem ser restos de ossos, partes duras (como carapaças) ou traços, como impressões de folhas e penas.

A paleontóloga Mary Anning (1799–1847), que encontrou o primeiro fóssil aos 12 anos de idade, um esqueleto de ictiossauro
A paleontóloga Mary Anning (1799-1847), que encontrou o primeiro fóssil aos 12 anos de idade, um esqueleto de ictiossauro - Reprodução

Existem fósseis por toda parte no mundo, mas encontrá-los e identificar a quais organismos pertenceram no passado —e contar a sua história evolutiva na Terra— são os maiores desafios.

E seja no campo, seja no laboratório, as mulheres paleontólogas contribuem tão bem quanto ou até mais que seus pares masculinos.

O machismo na ciência, especialmente no início dos séculos 19 e 20, colocou poucas mulheres paleontólogas em evidência, enquanto apagou as descobertas científicas de outras. Mas isso não significa que as paleontólogas não estejam por aí.

Mary Anning (1799–1847)

Nascida em 1799 na cidade de Lyme Regis, no sul da Inglaterra, o pai de Mary Anning tinha uma loja onde vendia fósseis descobertos na costa de Dorset.

Anning é considerada a primeira mulher paleontóloga e foi responsável pela descoberta de dezenas de fósseis na região, principalmente esqueletos de ictiossauros e plesiossauros, répteis marinhos extintos que chegavam a 17 metros de comprimento.

Suas descobertas cada vez mais frequentes a tornaram cada vez mais conhecida no círculo de paleontólogos. Mas, por ser mulher, outros cientistas —homens— passaram a publicar suas descobertas em periódicos. Atualmente, o Museu de História Natural de Londres tem uma exibição em uma sala inteira dos fósseis de Anning.

Mary Buckland (1797–1857)

Conhecida principalmente pelo trabalho em conjunto com o marido, William Buckland, Mary Buckland era uma excelente ilustradora científica e contribuiu com estudos, desenhos e preparação dos fósseis encontrados por eles.

Nascida em Abingdon, Inglaterra, começou sua carreira como ilustradora para o pai da paleontologia, George Cuvier.

Mary e o marido foram pesquisadores no Museu de História Natural da Universidade de Oxford. Após a morte dele, ela continuou trabalhando ali, sendo responsável por uma ampla coleção de fósseis de corais e outros organismos marinhos extintos.

Joan Wiffen (1922–2009)

Joan Wiffen nasceu em Havelock North, na Nova Zelândia, e foi responsável por colocar a paleontologia do país no século 20 no mapa.

Como seu pai acreditava que as mulheres não deveriam estudar, Wiffen não completou o ensino superior, o que não a impediu de seguir a carreira de paleontóloga.

Ela descobriu o primeiro fóssil de dinossauro do país em 1975, um osso da cauda de um terópode, e depois diversos outros animais já extintos, como ossos de pterossauros, anquilossauros (dinossauros com armadura), mosassauro (lagartos marinhos gigantes) e plesiossauros.

Em 1995, Wiffen recebeu o título de Comandante da Ordem do Império Britânico em ciências, a mais alta condecoração no país, pela sua contribuição para a paleontologia no país.

Mary Leakey (1913–1996)

Mary Leakey foi uma paleoantropóloga e primatóloga que contribuiu para o conhecimento da evolução dos humanos e demais primatas.

Leakey foi responsável pelo achado do crânio de Proconsul, um primata extinto que representa um dos ancestrais dos hominídeos.

Em seus mais de 60 anos dedicados à antropologia, Leakey colaborou com o marido, Louis Leakey, principalmente em escavações nas cavernas de Olduvai e Laetoli, na Tanzânia, onde foram encontrados fósseis de ancestrais dos hominídeos, incluindo a espécie Paranthropus boisei e outras que hoje são importantes elos na história evolutiva dos primatas.

Diana Mussa (1932–2007)

A brasileira Diana Mussa foi a primeira paleobotânica do país e contribuiu com o conhecimento das plantas fósseis no mundo, principalmente do período Devoniano (há cerca de 408 a 360 milhões de anos).

Nascida em Campos de Goytacazes, Mussa formou-se em geologia e dedicou sua carreira acadêmica à paleobotânica.

Entre os anos 1970 e 80, realizou expedições no Amazonas, onde estudou madeiras fósseis.

Ela foi também pesquisadora do extinto DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), hoje ANM (Agência Nacional de Mineração), sócia-fundadora da Sociedade Brasileira de Geologia, e professora-adjunta no Museu Nacional, ligado à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Magdalena Borsuk-Białynicka (1940-presente)

Figura importante da paleontologia polonesa, Maria Magdalena Borsuk-Białynicka nasceu em 1940, em Varsóvia, capital do país.

Responsável pela descoberta de dezenas de fósseis no Leste Europeu dos mais variados grupos, passando por lagartos, anfíbios, dinossauros e outros répteis precursores dos grupos atuais, ela também foi editora da revista científica Acta Palaeontologica Polonica, uma das mais importantes da Europa para estudos de fósseis.

Elisabeth Vrba (1942-presente)

Elisabeth Vrba é uma paleontóloga alemã, nascida em Hamburgo, e atualmente professora em Yale. Ela dedica sua vida aos estudos de fósseis na África do Sul, especialmente de mamíferos, e já colaborou com estudos na área da biologia evolutiva junto com o evolucionista Stephen Jay Gould.

Vrba cocriou a teoria de exaptação, derivada do conceito darwiniano de evolução das espécies por meio da seleção natural, que diz que alguns traços das espécies podem evoluir para uma função no organismo, em um primeiro momento, e depois terem uma função secundária que pode também moldar a evolução.

Ela continua com uma cadeira importante em Yale, onde ensina macroevolução.

Zulma Gasparini (1944-presente)

Nascida em La Plata, Argentina, Zulma Gasparini é um dos maiores nomes do país na paleontologia do Mesozoico (230 a 65 milhões de anos).

Ela liderou diversas expedições científicas, entre as quais a que levou à descoberta do Gasparinisaura, um gênero de dinossauros herbívoros nomeados em sua homenagem, na província de rio Negro.

Gasparini começou a sua carreira como pesquisadora do Conicet, principal agência de fomento à pesquisa na Argentina, e é atualmente professora aposentada de paleontologia na Universidade Nacional de La Plata, província de Buenos Aires.

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