Novos dados reforçam a tese de que partes de Marte já foram cobertas por água e podem ter abrigado vida microbiana.
Os sinais mais recentes foram obtidos pelo rover Perseverance, da Nasa, que explora o planeta vermelho desde 2021. O equipamento coletou dados com o uso de um radar.
A pesquisa, liderada por equipes da UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles) e da Universidade de Oslo, foi publicada na última sexta-feira (26) na revista Science Advances.
O estudo baseou-se em varreduras subterrâneas feitas pelo rover ao longo de vários meses de 2022, enquanto percorria a superfície marciana, do fundo da cratera até áreas com características semelhantes, do espaço, aos deltas de rios encontrados na Terra.
Medições do instrumento de radar Rimfax, do rover, permitiram que os cientistas olhassem para o subsolo e obtivessem uma visão transversal de camadas rochosas a 20 metros de profundidade.
Essas camadas forneceram evidências de que sedimentos do solo transportados pela água foram depositados na cratera Jezero e em seu delta por um rio que o alimentava, assim como ocorre em lagos na Terra.
As descobertas dão mais força à tese que estudos anteriores sugeriam: Marte, frio, árido e sem vida, já foi quente, úmido e talvez habitável.
Os cientistas ainda aguardam uma análise detalhada dos sedimentos de Jezero, que teriam se formado há cerca de 3 bilhões de anos. Amostras do material foram coletadas pelo Perseverance para, no futuro, serem enviadas à Terra.
Enquanto isso, o estudo mais recente é uma validação de que os cientistas realizaram sua empreitada geobiológica em Marte no lugar certo.
Antes, a análise remota de amostras perfuradas pelo Perseverance em quatro locais próximos ao local de pouso rover, em 2021, surpreendeu os pesquisadores ao revelar rochas de natureza vulcânica, em vez de sedimentares, como se esperava.
No entanto, até mesmo as rochas vulcânicas apresentavam sinais de alteração devido à exposição à água. Os cientistas que publicaram essas descobertas em agosto de 2022 argumentaram na época que os depósitos sedimentares podem ter sido erodidos.
De fato, as leituras do radar Rimfax relatadas na última sexta-feira indicam sinais de erosão antes e depois da formação das camadas sedimentares identificadas na borda oeste da cratera, evidência de uma história geológica complexa, disse Paige.
"Havia rochas vulcânicas em que pousamos", disse Paige. "A verdadeira novidade aqui é que agora dirigimos até o delta e agora estamos vendo evidências desses sedimentos de lago, que é uma das principais razões pelas quais viemos para esse local. Então, isso é uma história feliz nesse sentido."
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