Descrição de chapéu The New York Times

Rato raro que pode chegar a quase meio metro é fotografado vivo pela 1ª vez

Roedor vive em uma das Ilhas Salomão, na Oceania, e está ameaçado de extinção

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Rebecca Carballo
The New York Times

Por anos, os povos indígenas de Vangunu, uma das Ilhas Salomão, insistiram que um rato gigante capaz de roer cocos e ameaçado de extinção ainda vivia entre as árvores da floresta, embora o número de sua população tivesse diminuído por causa da destruição de seu habitat por madeireiros.

Antes, nenhum exemplar vivo havia sido documentado. Mas os habitantes da aldeia de Zaira estavam certos.

Pesquisadores da Universidade de Melbourne e da Universidade Nacional das Ilhas Salomão, com a ajuda da comunidade local, recentemente fotografaram o rato gigante de Vangunu (Uromys vika).

É um dos roedores mais raros do mundo, e Vangunu é a única ilha que, pelo que se tem notícia, reúne exemplares da espécie.

O rato, chamado de Vika pelo povo de Vangunu, tem pelo menos o dobro do tamanho de um rato comum, cerca de 45 centímetros, metade das quais corresponde à cauda, segundo os pesquisadores. As observações foram publicadas no periódico Ecology and Evolution no dia 20 do mês passado.

rato está sobre árvore em imagem em preto e branco
O rato, chamado de Vika pelo povo de Vangunu, tem pelo menos o dobro do tamanho de um rato comum - NYT

Trabalhar com a comunidade de Zaira foi fundamental para encontrar o rato, disse Kevin Sese, da Universidade Nacional das Ilhas Salomão —ele é da ilha de Guadalcanal, sudoeste da ilha de Vangunu.

"O conhecimento está com as pessoas. Eles são os guardiões do conhecimento local", afirmou Sese, um dos principais autores do artigo. "Se não fosse por eles, não saberíamos onde colocar as câmeras."

Os pesquisadores mudaram o tipo de isca que vinham utilizando. Trocaram a manteiga de amendoim —que apodrecia após ficar exposta por longos períodos de tempo— por óleo de gergelim. Poucos dias depois de colocar a isca, os ratos começaram a aparecer.

Ao longo de seis meses, os autores do artigo capturaram 95 imagens de quatro ratos diferentes.

"Fiquei chocado e realmente surpreso porque tentei isso várias vezes antes e só consegui pegar ratos pretos", disse Tyrone Lavery, da Escola de Biosciências da Universidade de Melbourne, autor principal do artigo.

Esta não é a primeira vez que Lavery tentou fotografar o rato.

Ele e outro pesquisador fizeram pesquisas intensivas de 2010 a 2015 usando armadilhas fotográficas, armadilhas de caixa de alumínio, iluminação direcionada e buscas ativas em árvores ocas, mas não conseguiram encontrar nenhum Vika.

Então, em 2015, Lavery obteve a primeira amostra de DNA de um rato Vika que havia morrido depois que madeireiros derrubaram uma árvore em que ele vivia. Ele comparou o DNA e o crânio com outros roedores da Austrália, Nova Guiné e Ilhas Salomão para mostrar que era uma nova espécie.

Mas isso não foi suficiente para provar que a espécie ainda estava viva.

Zaira tem atuado há muito tempo para que sua área de floresta seja reconhecida como protegida de acordo com a Lei de Áreas Protegidas das Ilhas Salomão de 2010, disse Lavery. Agora que as imagens mostram que os Vika ainda estão por aí, ele espera que isso fortaleça o caso da aldeia.

A sobrevivência do rato é importante para o ecossistema local, onde ele faz parte da cadeia alimentar, acrescentou o pesquisador . E tem significado cultural para o povo de Zaira, cuja história oral fala do rato e deu ideias de onde ele poderia estar na floresta e o tipo de nozes que ele comia.

Mas a exploração madeireira tem sido há muito tempo uma grande parte da economia das Ilhas Salomão, o 12º maior exportador de madeira bruta do mundo, de acordo com o Observatório de Complexidade Econômica, uma ferramenta de visualização de dados para o comércio internacional.

Os cientistas dizem que a exploração madeireira prejudicou o meio ambiente das ilhas.

"Eu acredito que o povo Zaira também está ciente dos efeitos da exploração madeireira em outras partes da ilha", disse Sese. "E acredito que isso é uma das coisas que os motivou a conservar a floresta."

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