Cientistas detectam ondas gravitacionais no Universo
Com estardalha�o, f�sicos americanos anunciaram nesta quinta (11) a primeira detec��o irrefut�vel de ondas gravitacionais -um fen�meno que predito pela teoria da relatividade geral, publicada por Einstein cem anos atr�s, mas que ainda n�o havia sido confirmado.
Para entender o que aconteceu, basta imaginar que o espa�o, em vez de ser um vazio padronizado, � como a superf�cie de um lago -ele pode flutuar, se esticar, se encolher. Se voc� atira uma pedra no meio do lago, uma s�rie de ondas emanam a partir do ponto de impacto.
A pedra em quest�o foi a colis�o entre dois buracos negros, cada um com massa cerca de 30 vezes maior que a do Sol, a mais de 1 bilh�o de anos-luz de dist�ncia.
Caltech/MIT/LIGO Laboratory/Reuters | ||
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O 'bal� da morte' executado por dois buracos negros gera ondas gravitacionais, que foram detectadas |
O evento foi t�o violento que, por uma fra��o de segundo, produziu mais energia do que todas as estrelas do Universo. Mas para n�s, na beira do lago, muito longe do centro da a��o, tudo se resumiu a uma pequena s�rie de tremula��es no espa�o, detect�veis por dois sistemas de laser g�meos.
O sistema � conhecido pela sigla Ligo (Observat�rio de Ondas Gravitacionais por Interfer�metro de Laser) e consiste em duas instala��es id�nticas nos Estados de Washington e da Louisiana.
Ambas s�o compostas por circuitos em "L" de 4 km por onde os laseres s�o constantemente refletidos. Qualquer min�scula varia��o no comprimento f�sico de um dos bra�os do L provocada por uma onda gravitacional, geraria um desalinhamento entre os laseres dos dois bra�os e indicaria a passagem da onda.
Com a detec��o, os cientistas puderam determinar com exatid�o o que produziu as ondas gravitacionais (a colis�o de buracos negros), e o padr�o de ondas se encaixou com incr�vel precis�o ao previsto pela teoria da relatividade.
A expectativa agora � de fazer novas detec��es e come�ar a usar o Ligo e outros observat�rios para estudar o Universo de uma nova perspectiva. Antes, est�vamos limitados a estudar o cosmos com o que se pode ver. Agora, poderemos tamb�m ouvi-lo. Na apresenta��o, os cientistas converteram o sinal das ondas gravitacionais em vibra��es sonoras, s� para que pud�ssemos escut�-las.
DESAFIO T�CNICO
Os f�sicos est�o em �xtase. Na coletiva que anunciou os resultados, David Reitze, diretor-executivo da equipe de colabora��o Ligo, abriu a apresenta��o em nome de mais de mil cientistas (incluindo grupos brasileiros da Unesp e do Inpe): "N�s detectamos ondas gravitacionais."
� uma frase que o mundo acad�mico passou pelo menos 50 anos esperando, quando o f�sico americano Joseph Weber prop�s a cria��o dos primeiros detectores de ondas gravitacionais.
� uma frase que o mundo acad�mico tamb�m aprendeu a ouvir com uma pitada de sal, pois ela j� foi dita e desdita em duas ocasi�es recentes.
A primeira, pelo pr�prio Weber, que confundiu artefatos do processamento de dados com ondas gravitacionais de verdade. A segunda, em 2014, quando o pessoal do telesc�pio Bicep2, instalado no polo Sul, disse ter detectado ondas gravitacionais ligadas � infla��o c�smica.
A terceira vez � a boa, contudo. A detec��o do Ligo n�o s� foi feita praticamente simultaneamente pelas instala��es g�meas como aparecia com clareza indubit�vel nos dados. O estudo passou por revis�o e foi publicado pelo respeitado peri�dico "Physical Review Letters".
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