Monstros. Sustos. Efeitos especiais.
O cinema é, ainda, a melhor diversão.
Um grande sucesso se aproxima das telonas.
É a volta de Jurassic Park.
Os dinossauros estão prontos para a vingança.
O sr. Agostino se lembrava dos bons tempos.
–Vi o filme lá por 1990…
Época em que ele estava recém-chegado a São Paulo.
–Nasci em Macapá.
Empregos. Ofertas. Oportunidades.
–Trabalhei muito tempo numa fábrica de aventais.
Foi no cinema que ele propôs casamento.
–A Clésia. Ficamos juntos uns cinco anos.
Depois, o declínio.
Bingo. Birita. Desemprego.
–E o cartão de crédito.
O verdadeiro velociraptor da classe média baixa..
O agiota Dedinho prometeu resolver o problema.
–Daí, eu terminei indo para o tráfico.
Por fim, o crack.
–Pensar que eu assistia à festa do Oscar na TV de plasma.
Debaixo do Minhocão, o programa era outro.
–Mais tipo Datena.
Agostino fechou os olhos.
Na sala de projeção da sua mente, o passado voltava.
–Clésia… é você?
–Compra pipoca, meu amor?
Agostino se levantava da poltrona.
No chão do cinema, ele ia catando pipocas esparsas.
–Ué… pequenininhas.
Eram pedras de crack.
Veio o susto.
–Caraca. Olha o tamanho desse tiranossauro rex.
O monstro pré-histórico avançava em sua direção.
Sons metálicos eram emitidos pela bocarra insaciável.
–Sai da frente. Vamos circulando. Documento.
Era um semi-blindado da Polícia Militar.
Operação de combate na cracolândia.
Tudo ficou escuro na mente de Agostino.
Veio a reação.
Um urro poderoso. Primevo. Animal.
Nove pipocas de chumbo silenciaram o dependente químico.
Como nos cinemas de antigamente, uma pesada cortina se fechou.
Mas, na cidade de hoje, o Parque Jurássico não precisa de catraca.
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