Pouco depois de o autismo ter se instalado como um tópico do meu cotidiano, quando eu tinha muitas dúvidas e nenhuma resposta (nem mesmo um diagnóstico), ganhei de presente da minha mãe o livro "Autismo - Compreender e Agir em Família", escrito por Sally Rogers, Geraldine Dawson (criadoras do modelo Denver) e Laurie A. Vismara.
Usando estratégias simples e o contexto cotidiano das famílias (ou naturalístico), o livro ensina como potencializar relações prazerosas e ajudar a desenvolver habilidades como a atenção compartilhada, a troca de turnos, a imitação, a flexibilidade e o jogo simbólico (o faz de contas).
As dicas são bem práticas. "Quando está a brincar ou a cuidar do seu filho, comece por posicionar-se de modo a que ele tenha uma visão nítida do seu rosto e olhos. Tanto quanto possível, procure estar perto dele, ao mesmo nível e frente a frente, tanto durante as brincadeiras como durante os cuidados. Nunca é demais realçar a importância do posicionamento para aumentar a atenção da criança", diz um trecho do livro.
Em seguida, as autoras dão exemplos de como colocar aquela sugestão específica em prática: colocar a criança deitada enquanto o adulto, de pé, se inclina sobre a criança para cantar ou fazer brincadeiras; jogos físicos na cama ou no sofá, com a criança deitada ou de pé; brincar e cantar com a criança sentada no colo, de frente para você.
Ao mesmo tempo em que oferece um passo-a-passo para trabalhar cada habilidade, o livro explica por que elas são importantes para o desenvolvimento e oferece hipóteses de por que muitas pessoas no espectro autista têm dificuldades relacionadas a essas habilidades.
Para mim, o livro foi um bom ponto de partida para entender habilidades que precisariam ser trabalhadas e como eu poderia incluí-las no nosso dia-a-dia de maneira lúdica e contínua -- ainda que, muitas vezes, conseguir aqueles objetivos fosse mais complicado do que parecia durante a leitura do livro.
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