O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, disse que foi a um retorno de exames médicos neste domingo (2). Por isso, o político do MDB não esteve novamente na parada LGBT+, uma das maiores do mundo e um dos eventos do calendário da cidade que mais movimentam a economia paulistana.
São Paulo é a cidade que registrou aumento de 970% na violência contra a população LGBT+ em oito anos, segundo levantamento do instituto Pólis publicado recentemente. Esse seria o primeiro de uma sequência de argumentos que tornaria fundamental a presença do prefeito no evento. Não para dizer que apoia a diversidade ou qualquer coisa do tipo, mas ao menos para dizer que se importa com as vidas das pessoas dessa comunidade e que esses números são inadmissíveis.
Violências física, psicológica e sexual formam o tripé que sustenta as agressões homotransfóbicas no município. O recorte da maior cidade do país pode ser o espelho do Brasil. No ano passado, 257 pessoas da comunidade LGBT+ foram mortas de forma violenta no país todo, segundo o Grupo Gay da Bahia. A organização identificou ainda uma mudança nos dados: pela primeira vez o sudeste apareceu como a região com mais casos de assassinatos dessa fatia da população.
A discriminação às vezes se dá por um olhar. Já o apoio requer um pouco mais do que um simples gesto. Nunes, em um storie, aquela postagem que dura 24 horas no Instagram, fez uma menção protocolar, enumerando serviços sociais e de saúde a LGBTs. E só.
A parada é um evento político, mas não partidário. Há LGBTs de direita, até mesmo mais conservadores. Há ainda LGBTs religiosos. Alguns grupos, inclusive, estiveram na passeata de hoje. Há também LGBTs que não se sentem representados pela manifestação deste domingo (2). Mas esses recortes não importam quando se trata do ativismo da parada. O grito de busca por direitos básicos contempla a todos da comunidade, independentemente de orientações ideológicas, porque a violência LGBTfóbica também atinge a todos, sem distinção.
Em pré-campanha, a ausência do prefeito parece um sinal de autopreservação. O político tenta não perder eleitores bolsonaristas não se deixando fotografar na marcha multicolorida. E evita ser registrado tomando vaias, o que certamente aconteceria. Mas embora busque se reeleger, Nunes é o atual prefeito da cidade. A cidade que, repito, teve aumento de 1000% na violência contra a população LGBT.
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