"Não precisa perguntar essa questão de gênero ou de cor", disse aos jornalistas nesta segunda (26), em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A resposta era uma tentativa de encerrar a conversa sobre a pessoa que ocupará a vaga deixada por Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal.
Vou usar a mesma frase do presidente para aqui neste blog tentar fazer o contrário e iniciar uma conversa. Uma parte do Brasil pergunta sobre a cor e o gênero da pessoa que será indicada porque quer se ver representada na mais alta corte do país.
A cor, o gênero e a orientação sexual sempre foram critérios para escolha de pessoas em postos de tomada de decisão, de destaque ou de poder de voz. Brancas, homens e heterossexuais, são essas pessoas. E o país não é formado só por eles.
A representatividade inspira meninos e meninas Brasil afora, fica bem na foto, vende bons exemplos, mas funciona, antes de tudo, para tentar calibrar um país há 500 anos desigual.
Considerar a pluralidade do povo na composição do judiciário, do legislativo e do executivo é olhar com mais atenção para a saúde, para a educação pública, para o combate à violência e para o enfrentamento à fome, por exemplo.
Lula disse não ter pressa na indicação, e faz sentido no contexto, haja vista que a ministra Rosa ainda não deixou o posto. Mas ainda assim faço uso dessa expressão, porque há um Brasil que tem pressa em se ver representado, amparado. Aquele dia, na rampa, deveria ser o começo de uma mudança, não apenas uma foto do que poderíamos ser e não fomos.
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