Noivinha de Aristides. Esse termo correu pelo Twitter, um dos territórios prediletos de Bolsonaro e do bolsonarismo, nos últimos dias. Era um fulano que segundo beltrano poderia ter sido, quem sabe, instrutor de judô de Bolsonaro quando este estava na Academia Militar.
O termo teria sido dito por uma mulher a Bolsonaro na Via Dutra, em Resende (RJ), no sábado (27). O Painel, da Folha, apontou que a mulher nunca falou em noivinha de Aristides, e sim o termo "filho da puta", em um momento de "grave estresse em decorrência do engarrafamento", segundo seus advogados.
Mas, sabe como é, né? Na internet pouco importa a origem de uma notícia, principalmente se ela agrada a quem lê. Uma interpretação de que em algum momento o presidente da República pudesse ter tido um relacionamento homoafetivo fez a festa de alguns opositores nas redes.
No cargo, Bolsonaro deu declarações homofóbicas, como quando disse que um repórter tinha uma cara de homossexual terrível. Antes de sentar na cadeira de presidente, não foram poucas as ofensas à comunidade LGBTQIA+.
Bolsonaro acha que é errado ser dissidente da heterossexualidade. Seus opositores também? Não parece haver cenário possível para "brincadeiras" homofóbicas e machistas. Ser LGBT não deveria ser visto como humilhante.
Mais grave do que a oposição achar que homofobia se paga com homofobia é ignorar o verdadeiro arsenal de críticas e questionamentos que podem ser feitos a uma figura como Jair Bolsonaro. A colunista desta Folha Mariliz Pereira Jorge elencou vários adjetivos. Definições não faltam.
Em declaração recente, Bolsonaro disse que deve participar de debates eleitorais em 22 desde que "não falem em coisas de [minha] família". Não é só de LGBTs que Bolsonaro demonstra ter muito medo. E é sobre estes outros medos que uma oposição série deveria se debruçar.
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