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Saúde Mental - Sílvia Haidar
Sílvia Haidar
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Estudo mostra que pessoas têm mais certeza de suas posições quando sabem de um só lado da história

Participantes que tinham as informações completas estavam menos confiantes em suas decisões

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São Paulo

Um estudo da Universidade Estadual de Ohio, publicado na revista Plos One, em 9 de outubro, mostrou que quando as pessoas têm apenas informações parciais, contrárias ou favoráveis a um determinado assunto, elas tendem a tomar posição de forma mais contundente do que aquelas que sabem dos dois lados da história.

"Se você der às pessoas algumas informações que pareçam estar alinhadas, a maioria dirá 'isso parece certo' e seguirá com esse pensamento", disse à publicação Angus Fletcher, coautor do estudo e professor de inglês da Universidade Estadual de Ohio. "Em geral, as pessoas não param para pensar se há mais informações que as ajudariam a tomar uma decisão melhor."

A pesquisa envolveu 1.261 participantes de forma online. Eles foram divididos em três grupos que leram um artigo sobre uma escola fictícia que não tinha água suficiente.

Mulher colhe fruta em árvore em formato de cérebro; do outro lado, parte da árvore parece morta, sem frutos, com uma pessoa parada observando
Pesquisas sobre realismo ingênuo geralmente se concentram em como as pessoas têm entendimentos diferentes da mesma situação - Catarina Pignato/Folhapress

O primeiro grupo leu uma parte do texto que apresentava apenas argumentos que apoiavam que essa escola deveria se fundir com outra para que tivesse água suficiente para os alunos. O segundo grupo leu outro trecho que mostrava somente os motivos pelos quais a instituição de ensino deveria permanecer separada e encontrar outras soluções para a falta de água.

Já o terceiro grupo, considerado um grupo controle, leu o texto completo que apresentava as justificações para os dois destinos possíveis para a escola.

Os resultados revelaram que os dois grupos que leram apenas metade do acreditavam que tinham informações suficientes para tomar uma boa decisão. A maioria disse que seguiria as recomendações do artigo que viram.

"Aqueles que tinham apenas metade das informações estavam, na verdade, mais confiantes em sua decisão de se fundir ou permanecer separados do que aqueles que tinham a história completa", disse Fletcher. "Eles tinham certeza de que sua decisão era a correta, mesmo não tendo todas as informações."

Os pesquisadores chamaram esse fenômeno de "ilusão de adequação das informações". As pessoas presumem que têm todas as informações necessárias para tomar uma decisão, mesmo quando não têm.

Além disso, os participantes que tinham metade das informações disseram que achavam que a maioria das outras pessoas também tomaria a mesma decisão que eles.

No entanto, muitos dos participantes que leram apenas uma parte da história, mas depois tiveram acesso ao outro trecho, disseram que estavam dispostos a mudar da opinião.

Fletcher ressalta que essa mudança de posição pode não funcionar com questões ideológicas arraigadas, mas mostra que em conflitos interpessoais e mal-entendidos do dia a dia, as pessoas estão dispostas a repensar suas posições quando têm mais informações sobre um acontecimento.

Os resultados desse estudo complementam as pesquisas sobre o chamado realismo ingênuo, um viés cognitivo que consiste na crença de que a visão de mundo de cada pessoa é correta e inquestionável. As pesquisas sobre realismo ingênuo geralmente se concentram em como as pessoas têm entendimentos diferentes da mesma situação.

"Como descobrimos nesse estudo, há um modo padrão em que as pessoas acham que conhecem todos os fatos relevantes, mesmo que não conheçam", disse Fletcher.

"Sua primeira atitude quando discordar de alguém deve ser pensar: 'Há algo que estou deixando passar que me ajudaria a ver a perspectiva dessa pessoa e a entender melhor sua posição?' Essa é a maneira de combater essa ilusão de adequação das informações", sugere o pesquisador.

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