Segunda cidade mais populosa do estado de São Paulo, com quase 1,5 milhão de habitantes, atrás apenas da capital paulista, Guarulhos é um município que despreza seu patrimônio histórico, especialmente graças a lentidão do poder público local de cuidar do pouco a se preservar que existe por lá.
A cidade teve alguns avanços na primeira década do século 21, quando alguns bens históricos da cidade foram tombados, como a casa da Candinha, o palacete de Maurício de Oliveira e o casarão da família Sarraceni –este último um dos mais relevantes do município e única manifestação arquitetônica em estilo art noveau de Guarulhos.
Contudo, nos últimos 10 anos, o patrimônio foi sendo desrespeitado e delapidado, restando quase nada a se mostrar pela cidade que já é notória por não ter grandes atrativos culturais ou turísticos. O casarão da família Sarraceni foi destombado e em seguida demolido, a Casa da Candinha só não caiu por ter uma estrutura robusta e estar coberta atualmente com uma estrutura metálica improvisada. O palacete de Maurício de Oliveira, por sua vez, só não foi abaixo ainda porque parece ser muito bem construído, resistente ao abandono e ao descaso da prefeitura.
O PALACETE
Localizado em uma área valorizada da região central da cidade, o palacete foi construído em 1925 para servir de residência a Maurício de Oliveira, guarulhense que exerceu o cargo de prefeito em dois mandatos: 1919 a 1930 e 1940 a 1945.
No passado, sem vizinhos mais altos, o imóvel desfrutava de posição privilegiada na região central da cidade, onde Maurício de Oliveira contemplava uma ampla vista que chegava até bairros da vizinha cidade de São Paulo. O ex-prefeito e sua família residiram no imóvel até o final dos anos 1950.
Desde então o imóvel foi alugado para vários fins, como fórum, secretaria de obras, junta de alistamento militar e até museu. O imóvel manteve-se em pleno uso até exatamente o ano 2000, quando foi totalmente desocupado. Neste mesmo ano o conselho de patrimônio histórico local realizou o tombamento do palacete, que passou a ser protegido por lei.
O tombamento foi eficaz para não levar o imóvel abaixo, contudo não deu a antiga residência um destino útil, deixando a construção entrar em um longo processo de deterioração que persiste até os dias atuais, com promessas de recuperação ocasionais, geralmente em períodos eleitorais.
Uma nova esperança surgiu em 2013 quando a prefeitura de Guarulhos anunciou que havia comprado o imóvel pelo valor de R$ 1.5 milhão. A gestão do então prefeito Sebastião Almeida, na época filiado ao PT, havia prometido que o local seria restaurado e teria alguma ocupação cultural, contudo durante seu mandato a única movimentação que ocorreu foi a aquisição.
Seu sucessor e atual prefeito, Guti (PSD), também prometeu que o velho palacete, agora bem mais deteriorado, seria restaurado e entregue para o uso da secretaria municipal de educação de Guarulhos, onde juntamente com o restauro seria erguido uma pequena edificação nos fundos, destinado para um centro de formação.
Entretanto mesmo com projeto pronto, empresa licitada e verba reservada nada disso saiu do papel. Desde 2019 uma placa da prefeitura no muro do imóvel anuncia a obra, mas nada foi feito. Apenas o telhado, que estava desabando, foi trocado e só.
SERÁ QUE AGORA VAI ?
Este colunista entrou em contato com a Secretaria de Educação de Guarulhos e questionou qual o futuro do antigo palacete de Maurício de Oliveira.
Em nota, a secretaria informou que será feito um novo processo licitatório com previsão do certame ocorrer ainda em agosto de 2023. Ainda na mesma nota certifica que o novo projeto não terá mais o anexo prometido pois não foi aprovado pelo conselho de patrimônio histórico local, portanto a nova licitação contemplará o restauro e a reforma do espaço já existente. A mesma nota assegura ainda que o imóvel não corre risco de desabamento, assegurado por estudos técnicos elaborados por engenheiros, arquitetos e restauradores acionados pela prefeitura.
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